Convidado especial do 13º Encontro de Lideranças, que ocorre nesta sexta-feira (23) e sábado (24) em Pedra Azul, Domingos Martins, o apresentador da Rede Globo Luciano Huck evitou falar se pretende ou não seguir a carreira política, mas pontuou que pretende continuar atuando em movimentos cívicos para a formação de novas lideranças políticas.
O assunto, inclusive, foi o tema de sua palestra com o governador Paulo Hartung (sem partido) e ao idealizador da ONG RenovaBR, Eduardo Mufarej. Em uma conversa franca sobre os rumos do país, Huck não escondeu possuir algumas divergências de pensamento em relação ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), mas pontuou que este não é o momento de fazer oposição e sim de união em prol de agendas em comum, que propiciem um futuro melhor para os brasileiros.
O 13º Encontro de Lideranças é promovido pela Rede Gazeta, em parceria com Águia Branca, Unimed e Cepemar.
Confira a entrevista:
Você pretende seguir a carreira política?
Eu acho que a convocação que a gente teve no último ano - e o governador (Paulo Hartung) participou de boa parte das conversas -, em nenhum momento foi um projeto pessoal meu. A angústia, a necessidade que surgiu foi de enxergar a sociedade civil como um todo. A gente entendeu que era necessária uma renovação política e que ela não poderia ser feita pelos partidos, pois a própria reforma do modo como foi feita foi uma tentativa de se preservar o que está aí, para renovar-se pouco. A gente resolveu se articular através de um movimento cívico. Foi onde nasceu o RenovaBR, liderado pelo Eduardo Mufarej, que tem a intenção de apoiar a formação de lideranças e de candidaturas de uma maneira pluripartidária, independentemente de sua ideologia. Do outro lado, o Agora, que é uma incubadora de políticas públicas que foi super bem.
Para mim a luz mais brilhante que ascendeu nessa eleição foi a prova de que essa renovação política necessária está nascendo pelo Legislativo. Tivemos uma renovação enorme, de 60% no Congresso Nacional. Obviamente que nem todos da renovação têm o preparo que a gente gostaria que tivesse, mas só desses dois movimentos que a gente falou (RenovaBR e Agora) foram 17 eleitos de 133 lideranças que a gente ajudou a formar no ano passado. Então, de novo, acho que não é um projeto pessoal de forma nenhuma.
Eu não estou a fim de olhar para o Brasil daqui a 20 anos e enxergar um país tão desigual como enxergo hoje. Nesses últimos 20 anos de televisão, eu rodei todos os cantos do país mesmo, entrando na casa das pessoas, ouvindo histórias, tentando entender, e eu acho que o que me mobiliza é que não dá para ficar do jeito que está. Eu acho que é importante encontrar lideranças, como eu encontrei o governador Hartung, que a gente tem que usar como norte. Ou seja, que conseguiu tratar a política como uma ferramenta de transformação. E você vê que ele conseguiu colocar em poucos anos o Espírito Santo em primeiro lugar no Ideb - esse é o índice que eu mais gosto. Para mim, essa é a grande semente que está plantada aqui. Eu acho que a cada ano que passar a educação que vocês estão conseguindo trazer para um patamar muito superior de qualidade vai gerar milhares de histórias transformadoras. Estamos aqui sentados, conversando, trocando ideias. Só vale a pena sair dessa zona de conforto e se colocar nesse papel se de fato a gente entender que a gente está formando gente nova e que vai melhorar a vida das pessoas.
Como avalia o Encontro de Lideranças?
Eu não conhecia aqui. Estou conhecendo um lugar novo que eu achei lindo. Eu adorei o lugar, o clima. Foi uma descoberta geográfica boa. E depois também poder discutir isso que a gente está falando, como é que a gente seduz, mobiliza novas pessoas para participar da política, tendo o governador como um bom norte em relação às boas práticas que tem que ser feitas.
Qual sua opinião sobre o presidente eleito Jair Bolsonaro?
Eu acho que temos que respeitar as urnas. Ele foi eleito pela maioria e eu acho que o momento é de diálogo. Temos que chegar perto, que nos aproximarmos. Não tem que construir oposição neste momento, eu acho que tem agendas que são comuns a todos os brasileiros e brasileiras. Estamos num momento muito delicado, a gente não tem mais gordura para queimar. Então não dá para errar. Acho que as pautas que a gente entende que são importantes para o país, a gente tem que apoiar de cara. Obviamente que tem questões do posicionamento ideológico. Por exemplo, você vai me perguntar se eu gosto do posicionamento na chancelaria, no Ministério da Educação... Você pode discordar da opinião dele, mas ele foi eleito em cima dessas opiniões. Então, eu acho que o diálogo é sempre positivo e as agendas que forem em prol da eficiência, da anticorrupção, contra a violência, eu acho que a gente tem que apoiar, tem que estar aí junto. A beleza da democracia é essa.
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