Após ser absolvido em primeira instância em processo no qual figurou como réu por estupro de uma jovem, na época com 17 anos, o ex-deputado estadual Luiz Durão (PDT), 72 anos, afirmou, em entrevista nesta quinta-feira (17), que a relação sexual com a garota foi consensual e sugeriu que a jovem quis ter a relação íntima.
Ao comentar o caso pela primeira vez, Durão afirmou ter se preocupado com a própria reputação. Então, ele "provou" que "é homem" ao evitar insinuações de que, negando a relação, poderia ser chamado de gay.
A pedido da mãe da garota, ele dava uma carona para a adolescente, de Linhares até Vitória, quando entrou com o carro em um motel, na Serra. Foi preso na saída, no dia 4 de janeiro deste ano. Ficou detido por cerca de 40 dias, até ser beneficiado por um habeas corpus.
Entre prefeitura, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, Luiz Durão soma nove mandatos ao longo de mais de 50 anos de carreira. Ele também é empresário do ramo agropecuário e um dos políticos mais ricos do Estado.
"Esse negócio de idade, homem é homem, né. Se me pegasse lá dentro com outro homem, fazia diferença. Mas não. Se ela foi, é porque consentiu. Por que não falou na estrada que não queria entrar? Por que veio desde lá, jogou a saia por cima da perna e cruzou as pernas em cima?", frisou.
Na denúncia oferecida à Justiça, a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) argumentou que Durão premeditou o crime de estupro ao dar uma carona para a adolescente. A PGJ considerou ainda, como agravante, o fato de o ex-deputado ter convivência no "âmbito da família" da vítima, com base na Lei Maria da Penha.
"Essa decisão eu já estava com ela na cabeça, porque quem não faz nada, não pode ser acusado de ter feito alguma coisa. Se você pegar o processo dela e der uma olhada, porque eu não posso falar sobre o processo, hora nenhuma ela diz que eu forcei ela à nada que eu fiz nada, entendeu? E eles fazer o que fizeram... Foi mais do que justa essa coisa [decisão da Justiça, de absolvição] aí e graças a Deus o povo toma conhecimento de tudo que aconteceu e está acontecendo", disse.
A acusação diz que Durão agiu para destruir "psicologicamente a resistência da vítima". A denúncia criminal menciona ordem para ela desligar o telefone dentro do motel, mudança no trajeto até a Grande Vitória, "ascensão sobre a vítima" e "visitas mensais" ao núcleo da família da jovem.
Luiz Durão disse estar com a consciência tranquila e aliviado.
A defesa da jovem disse que ainda não tem conhecimento sobre a sentença e, portanto, não faria nenhuma consideração. O Ministério Público Estadual (MPES) adiantou que vai recorrer da decisão que livrou Luiz Durão.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta