Aclamado pelos apoiadores com um dos jingles de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um breve discurso, mas bastante acalorado, durante a cerimônia de entrega das obras do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, na tarde desta sexta-feira (15). Ele fez críticas à gestão passada, exaltou a parceria com o governo do Estado e destacou a importância de outros apoios, inclusive de partidos que não são da base aliada. Em vários momentos, ressaltou a educação como prioridade e prometeu investimentos na área para os próximos três anos do mandato.
Após várias referências a Jair Bolsonaro (PL), mas sem mencionar o nome do ex-presidente, Lula questionou: "Quantas faculdades, quantas escolas técnicas ele inaugurou?" Na sequência, falou sobre investimentos que têm sido feitos por sua administração em várias áreas e, segundo Lula, com valores mais vultuosos apenas em 2023 do que teriam sido aplicados nos quatro anos da gestão bolsonarista.
"Saímos de um momento de tortura para voltar a um momento de paz, tranquilidade, crescimento econômico e distribuição de riqueza. Mas muita coisa boa ainda vai acontecer neste país, se preparem!"
Lula continuou o discurso, dizendo que o emprego vai crescer e, com o trabalho, pode haver aumento também do salário. Depois, reforçou suas propostas para a educação. "Se preparem porque vamos criar uma poupança para o ensino médio para que nenhuma menina e nenhum menino desistam de fazer o ensino médio e ter uma profissão. Se preparem porque vamos fazer escola em tempo integral para colocar as crianças o dia inteiro na escola. Se preparem porque tenho o compromisso de fazer mais 100 institutos federais neste país e mais universidades."
O presidente, então, apontou que Bolsonaro só inaugurou o ódio e disseminou mentiras, citando como exemplo as declarações de que Lula fecharia igrejas, "usando a boa-fé do povo evangélico." O petista falou da própria fé e recordou de sua história familiar, de origem humilde até chegar à Presidência, para ratificar sua crença.
"Se tem um cara neste país que acredita em Deus é este que está vos falando aqui. Somente Deus poderia fazer um menino de 5 anos, que saiu de Garanhuns (PE) com sete irmãos num pau-de-arara, predestinados a morrer de fome, a ser o presidente da República eleito mais vezes neste país. Isso só pode ser coisa de Deus, não tem outra explicação. O filho de Dona Lindu, semianalfabeto, foi eleito três vezes presidente", frisou, em tom emocionado.
Lula alegou que voltou à Presidência para provar, mais uma vez, que um metalúrgico pode fazer mais pela população do que a elite, a quem acusou de não gostar de trabalhador pobre, dos negros, da autonomia das mulheres, do público LGBTQIA+. Afirmou que ele, ao contrário, gosta de todos porque "gosta de gente".
Outro momento de emoção, registrado um pouco antes, foi quando Lula cumprimentou o ex-parlamentar Perly Cipriano ao vê-lo na plateia. Os dois viajavam juntos, em junho de 1999, quando houve um acidente na BR 101 com a comitiva do partido. Na ocasião, morreu a então secretária do presidente Elizabeth Gomes de Lima e o ex-deputado estadual capixaba Otaviano de Carvalho.
Apesar de dedicar pouco tempo de sua fala para o Contorno do Mestre Álvaro, que foi inaugurar, Lula destacou a participação da bancada federal capixaba na captação de recursos para a manutenção da obra.
"Por isso, queria pedir a vocês que, quando em um palanque como este, tiver um deputado ou um senador de outro partido, não os tratem como adversários. Precisamos trabalhar com eles no Congresso Nacional", pediu o presidente, em uma espécie de puxão de orelha nos apoiadores que vaiaram os deputados Da Vitória (PP) e Gilson Daniel (Podemos) quando foram anunciados no evento.
Lula frisou que as diferenças políticas devem ficar no período de campanha, e que, após as eleições, é importante ter uma base de apoio ampliada pela governabilidade. Ele lembrou que a Câmara Federal tem 513 deputados e o PT elegeu 70. "Tenho que conversar com muita gente. É assim que a gente governa e é assim que a gente vai recuperar este país", declarou.
O governador Renato Casagrande (PSB), a quem Lula se referiu como companheiro, também estava no palanque e se levantou e aplaudiu quando o presidente falou que vai resolver as questões referentes à ferrovia (EF-118) e às BR 101 e 262, citadas no discurso do socialista e do ministro Renan Filho, um pouco mais cedo.
"Mas vamos resolver de forma prioritária. E uma coisa que é prioridade é que nunca mais nenhuma criança vá dormir com fome por falta de um copo de leite. Queremos que todas as pessoas tenham oportunidades. Que qualquer criança, adolescente, independentemente da origem, do bairro, da casa, tem direito de desfrutar de uma vaga na universidade com a pessoa mais rica deste Estado. Não queremos tirar nada de ninguém, mas dar chance a quem nunca teve chances nesse país. Comer comida de qualidade, vestir roupa de qualidade, namorar no fim de semana, comer uma moqueca capixaba, ou um churrasco. É esse mundo que temos que construir, é esse mundo que eu prometo", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta