O senador capixaba Magno Malta (PL) criticou a cobertura da imprensa nos casos de racismo sofridos pelo jogador brasileiro Vinícius Jr. durante o campeonato espanhol. O pronunciamento, que aconteceu durante uma reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (23), levantou polêmica entre políticos e nas redes sociais.
Segundo o parlamentar, as matérias de repercussão do fato estão "revitimizando" o atleta, porque o assunto "dá Ibope pra ganhar mais patrocinador". Vini Jr. seria um "instrumento para esses vagabundos fazerem dinheiro", disse Magno, referindo-se à imprensa.
Na última partida pelo Valencia, no domingo (21), Vinícius Jr. foi chamado de "mono" (macaco, em espanhol) por torcedores do time, desde antes de entrar no gramado. Sobre a comparação com o animal, Magno minimizou:
"Então é o seguinte, cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Veja quanta hipocrisia. E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. Única diferença é o rabo. Ágil, valente, alegre. Tudo o que você possa imaginar, ele tem", disse o senador.
Nas redes sociais, parlamentares e ativistas criticaram o pronunciamento de Magno Malta. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), reforçou que racismo é crime, e que por isso toda a sociedade civil está engajada em falar cada vez mais sobre o caso de Vinícius Jr, para que os criminosos sejam identificados e punidos. "É inaceitável que um representante do povo tente minimizar a situação e ainda faça chacota!", escreveu no Twitter.
Erika Hilton (PT-SP), deputada federal e ativista, chamou a fala de Magno de "repugnante". Insinuar que as pessoas nessa luta estão por dinheiro e audiência é ridículo, para não falar das comparações baixas que ele faz. A luta contra o racismo é séria e não pode ser tratada assim por um senador", comentou.
Na mesma reunião da comissão, Magno disse ainda que "veneno se faz com veneno" e que, se fosse jogador negro "entraria com uma leitoinha branca em campo".
"Eu, se fosse jogador negro, entrava em campo com uma leitoinha branca nos braços e ainda dava um beijo nela falava assim 'olha como não tenho nada contra branco. E ainda como'."
O senador avaliou as atitudes dos torcedores espanhóis contra o jogador como "barbaridade", mas disse que, além do racismo, há inveja. "A gente leva tudo pra cor da pele, mas tem muita coisa envolvida ali, tem inveja, queria ser ele e não é. Queria driblar igual ele e nunca conseguiu. Ai tem inveja, e inveja mata, leva as pessoas pra tudo isso. "
No Twitter, a deputada federal pelo Rio de Janeiro Talíria Petroni informou que a bancada do PSOL avalia tomar medidas contra o senador capixaba. "A fala do senador Magno Malta é simplesmente abominável! Muito triste e revoltante ver esse tipo de gente na política. Junto com a bancada do PSOL, estamos avaliando medidas de responsabilização. Racistas não passarão em espaço algum!", registrou a parlamentar.
O jogo entre Real Madrid e Valencia precisou ser paralisado no último domingo (21) após torcedores dos donos da casa entoarem gritos racistas direcionados ao jogador Vinícius Jr. Nesta terça, a polícia espanhola prendeu torcedores que cometeram ataques racistas durante a partida.
As autoridades não deram detalhes sobre as prisões. Apenas divulgaram imagens da detenção do trio, sem exibir seus rostos. De acordo com os jornais espanhóis, a polícia segue investigando o caso, com base em análise de vídeo de dentro e fora do estádio Mestalla, onde Vinicius Júnior sofreu os ataques racistas.
Em comunicado, a direção do Valencia reforçou o apoio à investigação. "O Valência gostaria de confirmar que a polícia identificou até o momento um total de três torcedores, que fizeram ataques racistas a Vinicius Júnior no jogo do fim de semana, contra o Real Madrid", registrou o clube.
"O Valencia está colaborando com as autoridades em suas investigação para parar o racismo em Mestalla. O clube reitera sua mais forte condenação contra o racismo e a violência sob todas as formas e está atuando fortemente contra todas as pessoas identificadas com medidas severas, como o banimento do nosso estádio."
No mesmo comunicado, além de reiterar sua postura contra o racismo, a direção do Valencia reclamou da postura de alguns veículos de comunicação. E negou que os ataques racistas predominaram dentro do estádio Mestalla, no domingo. "A partida contra o Real Madrid foi transmitida ao vivo e é totalmente falso que o estádio inteiro estava gritando palavras racistas", disse o clube.
"Houve muita confusão e desinformação no público. O Valencia quer pedir maior responsabilidade e rigor. Esta é uma questão muito delicada e todos devem prezar pelos fatos. Não podemos aceitar que rotulem o 'Valencianismo' (a torcida do time) como racistas. Não é verdade. Pedimos respeito."
* Com informações da Agência Estado
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