Mais da metade dos prefeitos eleitos no Espírito Santo em 2020 tenta seguir no comando de suas respectivas cidades por mais quatro anos. É o que mostram dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reúne todas as informações sobre as candidaturas no pleito deste ano.
Em 42 dos 78 municípios capixabas há chefes do Executivo tentando um segundo mandato consecutivo. O número é 31,2% maior que o registrado na disputa eleitoral de quatro anos atrás, quando 31 prefeitos disputaram a reeleição.
Conforme o professor de História Filipe Savelli, pesquisador e membro do Laboratório de História das Interações Políticas Institucionais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o aumento no volume de candidaturas visando à continuidade de mandatos no Executivo dos municípios é decorrente da renovação pela qual a maioria das prefeituras capixabas passou nas eleições de 2020.
Savelli também lista alguns aspectos que tornam o pleito de 2024 diferente da última disputa municipal. "As eleições de 2020 foram atípicas, pois estávamos na pandemia. Era a primeira eleição em que o bolsonarismo tinha nome, rosto e forma de agir. Já na atual disputa vivemos um outro cenário, em que candidatos, em sua maioria, estão buscando se posicionar ao lado de quadros estaduais para se promover", pontua.
O professor da Ufes chama a atenção para os pontos que considera positivos na reeleição de prefeitos, como a sequência de projetos de melhoria e desenvolvimento das cidades. Entretanto, Savelli frisa que é preciso fazer uma análise criteriosa de cada um dos casos a fim de evitar a perpetuação de um único grupo político na gestão municipal.
Veja abaixo os municípios em que os prefeitos tentam se reeleger:
Quando o recorte analisado é o número de candidatos à reeleição por partido, o PSB, legenda do governador do Estado, e o Podemos, presidido pelo deputado federal Gilson Daniel, lideram. Cada uma das legendas tem nove candidatos disputando a permanência no comando das prefeituras.
Os partidos MDB, PP e Republicanos, com seis candidatos à reeleição cada um, estão em segundo lugar no total de candidaturas visando à sequência da gestão. União (2), PSDB (2), MDB (1) e Cidadania (1) fecham a lista das siglas com postulantes ao segundo mandato.
O número de candidaturas objetivando a reeleição é, também, reflexo do trabalho feito pelos dirigentes partidários em território capixaba, por meio das tradicionais articulações políticas para a consolidação das chapas.
É o que relata o presidente do PSB estadual, Alberto Gavini Filho. O socialista ainda afirma que a preparação em torno das candidaturas que disputam a reeleição neste ano começou ainda no ano passado. "O PSB vem preparando seus candidatos há muito tempo. Os nossos candidatos foram estimulados a manter sua candidatura, para que a gente possa continuar tendo o PSB em diversos municípios", afirma Gavini.
Empatado com PSB no quantitativo de prefeitos candidatos à reeleição, o Podemos foi procurado para comentar os dados do TSE, mas não enviou resposta até o fechamento deste texto.
O PP tem um total de seis candidatos buscando a permanência nas prefeituras capixabas. O deputado federal Da Vitória, que preside o partido no Espírito Santo, ressalta que a legenda apostou em quadros qualificados para seguir no comando das cidades.
"Pela identidade que nosso partido tem e o trabalho realizado no Brasil, aliado à nossa relação e dos membros do diretório, trouxemos quadros qualificados para reforçar ainda mais o Progressistas nesta eleição", frisa Da Vitória.
O Republicanos, presidido pelo ex-deputado estadual Erick Musso, também tem seis nomes que querem ser reeleitos. A legenda também não enviou reposta à reportagem.
Para João Paulo dos Santos, professor de História e mestre em História Social das Relações Políticas pela Ufes, as reeleições servem, em sua avaliação, como caminho para a solidificação do que chama de "poder local".
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