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Mais de 90% dos vereadores da Grande Vitória disputam a reeleição

Mais de 90% dos vereadores da Grande Vitória disputam a reeleição

Nas câmaras de Vitória e Vila Velha, apenas os atuais presidentes não tentam um novo mandato de quatro anos

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 18:15

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Vereadores tentam reeleição
Ao todo, 68 nomes de um total de 73 em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica tentam novo mandato. (Freepik)

Mais de 90% dos vereadores que integram as câmaras municipais da Grande Vitória estão disputando a permanência no cargo nas Eleições 2024. Ao todo, 68 nomes de um total de 73 nas cidades de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica brigam pela continuidade do mandato por mais quatro anos. Os dados analisados pela reportagem de A Gazeta foram consultados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No entanto, é importante destacar que nem todos os parlamentares que hoje tentam seguir no cargo foram originalmente eleitos no pleito municipal de 2020. Há casos de vereadores que assumiram o posto ao longo da legislatura iniciada em janeiro de 2021. Os vereadores de Vitória André Moreira (Psol) e Vinícius Simões (Cidadania), que neste ano tentam se reeleger, por exemplo, foram empossados no cargo em fevereiro do ano passado. Eles eram os suplentes de Camila Valadão (Psol) e Denninho Silva (União), respectivamente, que foram eleitos deputados estaduais em 2022.

Em Cariacica, cinco novos vereadores assumiram cargo na Casa de Leis a sete meses do fim da legislatura. Isso aconteceu porque em maio deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) condenou os partidos pelos quais cinco parlamentares haviam sido eleitos (Cidadania, PV e PMN - atual Mobiliza) por fraude à cota de gênero (fraude no registro de candidaturas femininas) e decidiu pela cassação dos respectivos mandatos.

Inclusive, no Legislativo cariaciquense 18 dos 19 vereadores que atualmente integram a Câmara são candidatos à reeleição. Em termos percentuais, o dado aponta que mais de 90% dos parlamentares pretendem seguir representando seu eleitorado na cidade.

Em comparação com as eleições de 2020, as candidaturas à reeleição para o cargo de vereador em Cariacica cresceram 50%. No pleito de quatro anos atrás, 12 dos 19 parlamentares eleitos em 2016 tentaram a permanência no cargo. Desse total, 8 foram reeleitos, 2 assumiram vagas destinadas a suplentes e outros 2 não conseguiram se reeleger.

O Legislativo de Vitória também registrou um alto índice de candidaturas visando a um segundo mandato na Câmara Municipal. A Casa tem 15 vereadores com mandatos vigentes. Desse rol, apenas Leandro Piquet (PP), presidente da Mesa Diretora, não disputa reeleição. Em 2020, 9 vereadores concorreram a um segundo mandato na Capital. O aumento no número de candidaturas à reeleição, nesse caso, foi de 55% de uma eleição para a outra. 

Em maio de 2023, a Câmara de Vitória aprovou o aumento do número de parlamentares no município: nas eleições deste ano 21 vereadores serão eleitos para a legislatura 2025-2028.

A  Câmara da Serra é o legislativo com maior número de cadeiras para vereador. São 23 parlamentares com mandatos vigentes. Desse grupo, 21 são candidatos à reeleição. As candidaturas visando à continuidade também chegam aos mais de 90%. 

Mais de 90% dos vereadores da Grande Vitória disputam a reeleição

Em 2020, 11 vereadores foram candidatos à reeleição na Serra. Ao comparar os dados do pleito de quatro anos atrás com os das eleições deste ano, o aumento desse tipo de candidaturas na cidade foi de 90%.  Desse universo de candidatos, apenas um vereador foi reeleito, 5 não se reelegeram, 3 terminaram a corrida eleitoral como suplentes e 2 renunciariam às candidaturas.

Mandatos em sequência fortalecem grupos no poder, afirma especialista

Conforme as regras eleitorais vigentes, um vereador, deputado ou senador pode se reeleger sem que haja um limite de vezes estabelecido, diferentemente do que ocorre com os prefeitos, governadores e com o presidente da República, que não podem acumular três mandatos seguidos.

Na avaliação de Filipe Savelli,  professor de História, pesquisador e membro do Laboratório de História das Interações Políticas Institucionais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a possibilidade de reeleições em sequência tende a favorecer a fortalecer grupos políticos que buscam se manter no poder.

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A legislação brasileira permite mandatos “infinitos” para legislaturas, possibilitando e fortalecendo grupos de poder. Para o eleitorado é ruim ao ponto que atrapalha qualquer tentativa de grande renovação

Filipe Savelli
Professor de História, pesquisador e membro do Laboratório de História das Interações Políticas Institucionais da Ufes
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O professor da Ufes conclui sua análise avaliando a questão dos parlamentares que assumem cadeiras nas câmaras com a legislatura já em andamento. Para Savelli, é usado como argumento para uma provável reeleição o fato de o candidato não ter disposto de tempo suficiente para apresentar e defender seus projetos de melhorias para a população.

"O vereador que assume ao longo do mandato pode usar a narrativa de que não conseguiu fazer tudo devido ao pouco tempo. Logo, evoca a necessidade de mais tempo", explica.

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