O candidato do PL, Carlos Manato, afirmou que não tem interesse em instalar câmeras nas fardas dos policiais militares no Espírito Santo, caso seja eleito governador no próximo domingo (30). A afirmação foi feita durante sabatina realizada nesta segunda-feira (24) por A Gazeta e pela CBN Vitória. Na avaliação do candidato, “não vale a pena o investimento”.
Manato justificou que confia no policial capixaba e, por isso, não considera necessária a instalação de câmeras nas fardas dos militares, como ocorre atualmente em São Paulo. O candidato citou o concorrente ao governo de São Paulo e também aliado do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou a defender a retirada das câmeras dos policiais paulistas, mas depois recuou e afirmou que vai avaliar o assunto junto com especialistas, se eleito.
A medida adotada em São Paulo teria contribuído para a redução da letalidade policial e chegou a ser estudada pelo atual governo no Espírito Santo.
Ao longo da sabatina, Manato repetiu algumas das propostas que tem feito para as áreas de segurança, educação e saúde, como: a participação do Estado em grupo liderado pela Polícia Federal para combater o crime organizado; a possibilidade de os professores da rede estadual fazerem as dez horas de planejamento escolar em casa; e a compra de vagas na rede privada para reduzir as filas de cirurgias eletivas.
A sabatina com o candidato do PL foi a primeira realizada por CBN e A Gazeta na disputa do segundo turno para o governo do Espírito Santo. Nesta terça-feira (25), o entrevistado será o governador e candidato à reeleição Renato Casagrande (PSB).
O candidato do PL também respondeu a questionamentos sobre a sua relação política com o presidente de honra do PTB nacional e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, que foi para a prisão no domingo (23), depois de atacar com mais de 20 tiros de fuzil e granadas policiais federais que foram cumprir mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele, o que deixou uma agente da PF e um delegado feridos. Jefferson estava em prisão domiciliar, mas perdeu o benefício por descumprir as regras exigidas.
Apesar de ter como vice na sua chapa o empresário Bruno Lourenço, indicado pelo PTB, Manato garantiu que não teve nenhuma reunião com Jefferson. “Sou do PL e o PTB aqui são o Bruno Lourenço e o (Tenente) Assis e foi com eles a negociação de indicar o vice, não teve negociação de cargos. Nunca tive reunião com Roberto Jefferson”, assegurou o candidato a governador, que também condenou a ação do ex-deputado do PTB.
Durante a entrevista, Manato voltou a falar sobre a formação da equipe em seu eventual governo e destacou que a composição será mista, com secretários técnicos e políticos. Em relação aos que considera técnicos, além dos três nomes já confirmados, incluindo o professor e candidato derrotado na disputa para governador Aridelmo Teixeira (Novo) que irá para a Fazenda, reafirmou que vai priorizar pessoas com doutorado ou pós-doutorado.
Em relação à parte política da sua equipe, reiterou que uma delas será a indicação para a Casa Civil, pois é responsável pela relação com a Assembleia Legislativa e com os prefeitos. Ele disse que não vai dar espaço a quem tiver intenção de disputar as eleições municipais de 2024, pois não quer "ruptura do governo com dois anos".
Embora tenha criticado o seu adversário no segundo turno ao longo das eleições 2022 por dar abrigo no governo a candidatos derrotados em disputas anteriores, Manato não descartou abrir espaço na sua equipe para dois concorrentes ao Palácio Anchieta que saíram derrotados no primeiro turno e estão ao seu lado atualmente — os ex-prefeitos da Serra Audifax Barcelos (sem partido) e de Linhares Guerino Zanon (PSD).
Inicialmente, o candidato do PL disse que o compromisso com Audifax e Guerino é até a transição. Porém, alguns minutos depois, indagado se eles teriam espaço, já que ambos disseram não ter interesse na disputa de 2024, respondeu: "Se tiver alguma área que seja técnica e política e dá para eles (sic), eles vão participar. Se não, vão continuar meus amigos". Ele ainda disse que os dois ex-prefeitos estão ajudando muito no segundo turno, dão conselhos e vão participar da transição pela experiência que eles têm.
Questionado sobre a sua proposta para a manutenção da Terceira Ponte, já que em 2023 se encerra o contrato de concessão atualmente firmado com a Rodosol, Manato disse que o modelo que vai defender é o de concessão à iniciativa privada, mas somente para manutenção da ponte. "Esse é o modelo que eu tenho. Mais algumas coisas eu já vou incorporar ao modelo que for: motocicleta não vai pagar pedágio", assegurou o candidato do PL.
Manato voltou a defender mudanças no orçamento enviado à Assembleia Legislativa pelo atual governo, mas não soube responder de onde sairão os R$ 250 milhões que pretende utilizar para a compra de vagas para reduzir a fila de cirurgias eletivas e exames complementares.
"Não vou abrir mão de colocar um recurso a mais na Secretaria de Ação Social para fazer o Renda Espírito Santo. Eu tenho que ter esse orçamento. Vou pegar o Aridelmo com toda a equipe e ‘você pode tirar aqui, pode tirar ali responsavelmente'. Na hora que a gente tirar, eles vão falar: 'aqui é sua prioridade?' Não. 'Aqui é?' É. E a gente vai começar. Acreditamos que com o combate à corrupção vai sobrar dinheiro", acrescentou.
Já em relação à agenda liberal que disse defender, incluindo privatizações de empresas públicas, o candidato do PL mudou mais uma vez de posição no que se refere à Cesan (Companhia Espírito-Santense de Saneamento). Ele reiterou que não pretende privatizar o Banestes e quer utilizá-lo para fazer investimentos na área de cultura, além de incentivar que as prefeituras voltem a ter suas folhas de pagamento no banco estadual.
No que diz respeito à Cesan, diferentemente do debate realizado no primeiro turno pela CBN Vitória e A Gazeta, quando afirmou que estava decidido a privatizar a empresa, nesta segunda-feira (24) Manato trouxe como proposta "tomar uma decisão de 'tramontina'", sem explicar muito bem o que isso vai significar. Ele ainda aproveitou o tema para dizer que medida similar será adotada em relação ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
“Eu acho que é melhor tomar uma a decisão de ‘tramontina’. Tirar todas aquelas pessoas que não são competentes, que não trataram a Cesan como tem e investir muito na Cesan. Tem dois órgãos no Estado que estão aparelhados com a corrupção: o Detran e a Cesan. Esses dois órgãos não aguentam dez minutos de fiscalização”, disse Manato
Em seguida, afirmou que à frente do Detran vai colocar alguém "tramontina", tipo um coronel da polícia. Assegurou que ainda não tem nome definido para o cargo, mas será alguém "com aquele perfil de passar a limpo o Detran". "Porque o Detran é uma vergonha. E passar a limpo as últimas gestões que tem lá na Cesan. É uma vergonha”, enfatizou.
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