Candidato ao governo do Estado pelo PL, o ex-deputado federal Carlos Manato planeja instalar policiamento nas divisas do Espírito Santo e também espera contar com o apoio do Exército para atuar em operações. Essas são algumas das propostas que apresentou para a área de segurança pública durante a sabatina promovida por A Gazeta e rádio CBN Vitória na manhã desta terça-feira (20).
A ideia de Manato é, caso seja eleito, criar uma Companhia de Polícia de Divisa, composta por policiais militares da reserva que tenham interesse em aderir ao projeto. "Vamos colocar uma espécie de pedágio, que vai ter scanner e cão farejador. Não entra nem sai ninguém do Espírito Santo se não passar nesses equipamentos. (O projeto é) para pegar droga, arma, carro roubado e outras coisas que podem acontecer."
O candidato disse que, em um primeiro momento, pode precisar do apoio do Exército para essa atuação, mas foi lembrado que os militares das Forças Armadas participaram recentemente de um projeto em Cariacica que não surtiu o efeito desejado no enfrentamento à criminalidade. Uma das críticas foi a falta de preparo para a atividade.
Manato explicou que, na segurança das ruas, a estratégia seria diferente. "Vamos fazer um planejamento e, se tiver que cercar alguma área, ou um bairro, ou um morro, o Exército cerca e a Polícia Militar sobe. Eles não são preparados para subir, mas para cercar e fazer a vigilância."
O candidato também foi perguntado sobre investimentos em saúde e aproveitou para esclarecer que foi um equívoco da sua equipe afirmar sobre a sua intenção de criar um plano de saúde para professores. A proposta, na verdade, é ampliar e melhorar os serviços oferecidos pelo hospital da Associação de Servidores Públicos. Manato falou ainda sobre o projeto de construir um novo hospital infantil, na área hoje ocupada pela Rádio Espírito Santo, na Reta da Penha, em Vitória, e organizar o atendimento no interior do Estado por regiões.
Em dado momento da entrevista, ele chegou a dizer que as ambulâncias não vão passar de determinados limites da rodovia, numa tentativa de exemplificar que os moradores do interior não deverão se deslocar por grandes distâncias, particularmente para a região metropolitana, em busca de assistência em saúde.
Sobre mobilidade, uma bandeira de Manato é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) — transporte que se assemelha a metrô e trafega no nível da rua. Ele pretende deixar pronto o projeto executivo do modelo até o final de seu eventual mandato. Já houve outros debates sobre VLT no Estado, mas que não foram adiante. Manato também fala em quarta e quinta pontes na Grande Vitória, a terceira ponte de Colatina, e a segunda ponte de Linhares.
Para o candidato, a viabilização desses projetos passa, necessariamente, pela articulação com a bancada e o governo federal para obter recursos que garantam a execução das propostas. "Vamos colocar ainda este ano, na Comissão de Viação e Transportes da Câmara de Deputados, esses quatro tópicos. É o primeiro passo. Vamos aprovar e, estando aprovado, passa a entrar no orçamento da União", resumiu.
Perguntado sobre projetos estruturantes, sobretudo para a área da logística, que podem impulsionar o desenvolvimento econômico do Estado, Manato se sustenta na crença de que Jair Bolsonaro (PL) será reeleito e, com o presidente, tem boa interlocução para discutir investimentos para o Espírito Santo.
Ele aproveitou para criticar o governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição, ao falar sobre a Eco101, concessionária responsável pela duplicação da BR 101 que anunciou que deixará as obras. Manato alegou que a decisão da empresa esbarrou na falta de licenciamento ambiental estadual, mas foi o órgão federal, do governo Bolsonaro, que não concedeu a licença para as intervenções no trecho de São Mateus, no Norte do Estado, citado por ele.
Sempre fazendo defesa da gestão do presidente, Manato não conseguiu listar investimentos em obras do governo federal no Espírito Santo. O candidato ressaltou que Bolsonaro focou mais na área social e mencionou o Auxílio Brasil, que não é uma exclusividade para o Estado, e o aporte de recursos feito durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19, que também não foi uma medida de excepcionalidade para os capixabas.
Por outro lado, Manato ressaltou o apoio que vem recebendo diretamente de Bolsonaro para a sua candidatura, embora o partido de ambos, o PL, não tenha dedicado o mesmo empenho, ao menos financeiramente, para a campanha.
Manato recebeu do partido R$ 100 mil ante os R$ 2 milhões destinados à candidatura de Magno Malta ao Senado Federal. E o valor do candidato ao governo é equivalente ao de candidatos a deputado que, em tese, têm menos despesas para a campanha.
Manato assegurou que não se trata de falta de apoio, mas de um acordo que ele assumiu assim que se filiou ao partido. Na ocasião, Magno afirmou que não haveria dinheiro suficiente para três candidaturas majoritárias — presidência, Senado e governo —, mas Manato insistiu em se candidatar pelo PL.
"Ele foi honesto comigo. Você não me vê em lugar nenhum reclamando do recurso do partido. Vou para cima com o que tem. Eu aceitei. A regra do jogo foi essa. A marca 22 não tem preço, que é a do meu candidato a presidente. Eu disse que só sou candidato se for com o meu presidente, se for no partido dele. Eu assumo a responsabilidade.”
Outro tema sensível abordado foi sobre a corrupção, que já alcançou alguns nomes próximos de Bolsonaro — um eventual pedido de investigação contra o próprio presidente depende do procurador-geral Augusto Aras, indicado por ele.
Manato direcionou suas críticas a gestões petistas na presidência e ao atual governo do Estado e minimizou o que já foi identificado com integrantes do governo Bolsonaro. Ao citar membros do PT que foram presos devido ao "Mensalão", Manato foi lembrado que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi preso devido ao mesmo escândalo. O candidato disse que a sua relação com o presidente do partido é meramente institucional.
Por fim, Manato reconheceu que existem apurações que têm sido feitas pela Polícia Federal.
"São coisas que aconteceram, estão sendo apuradas. Tem que partir para cima e, se for culpado, tem que ser preso. Se eu cometer, também pode vir para cima de mim. Não comungo com isso. Fiquei 16 anos lá na Câmara. Houve Mensalão, Manato não apareceu; houve Sanguessuga, Manato não apareceu; teve Petrolão, Manato não apareceu. Então, não tem qualquer denúncia de corrupção contra mim. "
Manato foi o segundo entrevistado da série de sabatinas. As entrevistas começaram na segunda-feira (19), com Renato Casagrande, e seguem nesta quarta-feira (21), com Guerino Zanon (PSD); na quinta (22), com Audifax Barcelos (Rede); e na sexta (23), com Capitão Vinicius Sousa (PSTU). A ordem foi definida pela colocação nos candidatos na sondagem estimulada de intenção de votos da última pesquisa Ipec, divulgada no dia 2 de setembro por A Gazeta.
Os candidatos Aridelmo Teixeira (Novo) e Cláudio Paiva (PRTB), que não estavam entre os cinco mais bem colocados, mas pontuaram, vão participar de uma entrevista com duração de cinco minutos, cada, a ser veiculada no sábado (24) na rádio e no site.
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