Com a promessa de que terá participação nas decisões do Podemos no Estado e, principalmente, na definição do comando de diretórios de municípios onde tem base eleitoral, o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Marcelo Santos, decidiu permanecer no Podemos, seu partido desde 2020.
A decisão de Marcelo teria, ainda, garantido a permanência do deputado estadual Alexandre Xambinho na legenda, mesmo após o parlamentar ter sido liberado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) para trocar de sigla sem perder o mandato.
Os dois negociavam uma migração de legenda em conjunto e avaliavam filiação ao PSD ou União Brasil, entre outras possibilidades. Contudo, em reunião com o presidente estadual do Podemos, deputado federal Gilson Daniel, na manhã desta segunda-feira (23), eles bateram o martelo e decidiram ficar na sigla, segundo o presidente do Legislativo estadual.
Marcelo Santos confessou que estava realmente insatisfeito dentro do Podemos e, por isso, acabou recebendo convites de filiação de diversas outras legendas cientes dessa sua insatisfação, das quais mencionou PP, PSB, PSD, PSDB e MDB.
"Havia uma insatisfação, que não era só minha, quanto ao modelo de gestão no Podemos. Eu nunca quis sair, só não estava confortável, não estava me sentido ouvido e representado", afirmou o presidente da Assembleia Legislativa.
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As divergências internas do partido já haviam motivado reuniões com a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, em busca de uma solução e da permanência dos parlamentares no partido. Também filiados à legenda, o deputado federal Victor Linhalis e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, estão na lista dos que demonstraram insatisfação em momentos anteriores.
Devido a essas manifestações, a presidente nacional teria sugerido a criação de um conselho estadual para que as decisões do Podemos no Espírito Santo sejam mais coletivas e não designadas apenas por Gilson Daniel e pelos mais próximos a ele. O modelo de funcionamento desse conselho ainda deve ser definido no próximo mês, quando as principais lideranças do partido devem se reunir com Renata Abreu em Brasília.
Marcelo Santos, no entanto, garantiu que na conversa que teve com Gilson Daniel na manhã desta segunda-feira foi firmado acordo para uma gestão compartilhada, tendo a garantia de que participará da definição dos diretórios municipais em cidades do seu interesse. Um deles é o da Serra, cujo comando deve ficar com Xambinho. "Ele vai ser o presidente do partido na Serra", assegurou.
O presidente da Assembleia garantiu que não, mas teriam contribuído também para a sua permanência no Podemos as mudanças nos rumos do MDB, agora sob o comando do vice-governador, Ricardo Ferraço, e a decisão judicial que garantiu, na última semana, o retorno do secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni, ao comando do União Brasil no Estado.
"A ausência de diálogo gerou esse desconforto no partido, mas o Gilson teve humildade e sensibilidade política para enxergar a necessidade de mudança. Vamos agora juntos buscar aumentar o número de vereadores e prefeitos", afirmou Marcelo, já sinalizando as pretensões partidárias para 2024. O projeto dele é concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, em 2026.
Gilson Daniel e Xambinho foram procurados por telefone e por mensagens via WhatsApp, mas não retornaram até o fechamento desta publicação. A assessoria do deputado estadual disse, mais cedo, que ele só deve se manifestar sobre o assunto no final desta semana. Se houver retorno dos parlamentares, o texto será atualizado.
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