Durou mais de quatro horas o depoimento prestado pelo senador capixaba Marcos do Val (Podemos) à Polícia Federal nesta quarta-feira (19), em Brasília. O depoimento faz parte da investigação de um suposto plano para dar um golpe de Estado revelado pelo senador. A trama envolveria a tentativa de gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e torná-lo suspeito para julgar alguns casos. O parlamentar começou a ser ouvido às 14 horas e deixou o prédio da PF por volta de 18h45.
A investigação da PF apura fatos relacionados a uma reunião ocorrida em dezembro de 2022 entre o senador, o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar da articulação do suposto golpe. Bolsonaro foi ouvido sobre o assunto no último dia 12 e confirmou a reunião, mas negou plano para gravar o ministro do STF.
Do Val já havia prestado declarações aos investigadores sobre o tema em fevereiro deste ano. Na ocasião, confirmou que o plano foi abordado em reunião com o então presidente e o ex-deputado Daniel Silveira, mas afirmou que Bolsonaro ficou calado.
Nesta quarta-feira (19), de acordo com informações do Jornal Nacional, da TV Globo, Do Val reafirmou que o plano foi ideia de Daniel Silveira e voltou a dizer que Bolsonaro ficou calado. A defesa do ex-deputado afirmou que o senador não tem credibilidade para acusar o cliente, porque já deu várias versões sobre o mesmo fato e que a iniciativa da reunião foi de Marcos do Val, que pediu a Silveira para levá-lo a Bolsonaro.
O senador já deu várias versões para os fatos. Posteriormente, relatou que o objetivo seria levantar suspeitas sobre a atuação de Alexandre de Moraes, que é também o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro ainda é relator dos inquéritos no STF que tratam de milícias digitais, de fake news e dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Nas várias versões de Do Val sobre a reunião, ele mudou alguns detalhes sobre a participação de Bolsonaro e o local do encontro, por exemplo, o que motivou a abertura de inquérito por Moraes contra ele em fevereiro deste ano. Em entrevista à revista Veja naquela ocasião, o senador revelou a existência de um plano para prender o ministro Alexandre de Moraes, anular as eleições presidenciais e impedir a posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele ainda disse que teria ouvido detalhes da trama diretamente da boca do ex-presidente, em reunião no Palácio da Alvorada.
No dia 15 de junho, data em que comemorou 52 anos, o senador foi alvo de uma operação da PF de busca e apreensão em seus endereços no Espírito Santo e em Brasília. Ele teve dois celulares apreendidos em seu apartamento em Vitória, além de computadores e outros materiais nos demais endereços e é investigado pela suspeita de golpe de Estado e outros quatro crimes.
De acordo com informações divulgadas pela colunista de O Globo Bela Megale, um relatório da Polícia Federal revela mensagens enviadas pelo senador sobre trama golpista ao ex-presidente Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira e em grupos em aplicativos de mensagens.
O senador foi procurado pela reportagem de A Gazeta para falar a respeito do depoimento, mas sua assessoria informou que ele não vai se pronunciar a respeito. Do Val está licenciado do Senado desde o final de junho, depois que passou mal durante atividades parlamentares no dia 20 de junho, na semana posterior à operação da PF em que foi alvo por determinação do Supremo.
Esta matéria foi atualizada com informações sobre o depoimento de Marcos do Val, divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
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