Embora tenha negado, em entrevistas durante a quinta-feira (2), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha tentado coagi-lo – como disse anteriormente, em live nas redes sociais –, o senador do Espírito Santo Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou durante depoimento à Polícia Federal que, em nenhum momento, Bolsonaro "mostrou contrariedade" ao plano golpista proposto pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). As informações são do G1.
De acordo com Do Val, o plano foi articulado por Silveira, preso nesta quinta (2) por descumprir determinações judiciais em outros processos, e consistia em tentar captar um diálogo comprometedor com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, para prendê-lo e tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na madrugada de quinta (2), em live nas redes sociais, do Val acusou Bolsonaro de coagi-lo a participar de uma tentativa de golpe. "Eu vou soltar uma bomba. Na sexta-feira [3], vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para dar um golpe de estado junto com ele. E é lógico que eu denunciei", disse.
À Veja, ele disse que o ex-presidente e Silveira organizaram uma reunião, em dezembro, para propor gravar o ministro, sem autorização, para tentar comprometê-lo. Múltiplas versões da história foram apresentadas pelo senador ao longo do dia, após a divulgação da entrevista, e ele voltou atrás em diversas das declarações. Confira a cronologia aqui.
Depois que o caso repercutiu pelo país, chegou a dizer que “pode até ser que o presidente (Bolsonaro) tava (sic) ali também para escutar, para, de repente, denunciar o Daniel”. A versão em que Bolsonaro teria sido mero espectador também foi repassada à PF.
"Que durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado; que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto, e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto do depoente como do presidente; que em nenhum momento ex-presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio", disse o senador no relato à Polícia Federal.
Do Val declarou que "em determinado momento Silveira perguntou "se ele cumpriria uma missão importantíssima". Segundo o senador, a "missão" seria a gravação ilegal do ministro Alexandre de Moraes.
Ainda no depoimento, ele relatou que Daniel Silveira pediu para que a conversa fosse conduzida "de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição".
Do Val narrou ainda que, ao chegar ao encontro, conversou com ex-presidente sobre a "ausência de manifestação" dele a respeito do acampamento com intenções golpistas em frente ao quartel-general do Exército. O encontro aconteceu em 9 de dezembro, mesmo dia em que Bolsonaro quebrou o silêncio que vinha mantendo há mais de um mês, após a derrota nas urnas.
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