O senador do Espírito Santo Marcos do Val (Podemos) afirmou, na madrugada desta quinta-feira (2), em uma live publicada nas redes sociais, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo para dar um golpe de estado. Conforme mostrou a colunista de Política de A Gazeta, Letícia Gonçalves, o parlamentar também disse que vai sair da política "definitivamente".
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Segundo o parlamentar, a proposta foi recusada e denunciada de imediato. “Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei.”
Em entrevista ao G1, o parlamentar afirmou que a ideia de Bolsonaro e Daniel Silveira (ex-deputado federal) seria tentar comprometer o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. A proposta era usar uma escuta para gravar o ministro admitindo não respeitar a Constituição.
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"Eles me disseram: 'Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte, E você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso'", destacou o G1.
No final da manhã desta quinta (2), em entrevista coletiva no Senado, do Val voltou atrás e disse que Bolsonaro não tentou coagi-lo, mas que não tentou impedir que Silveira apresentasse o plano. "O presidente tava (sic) numa posição semelhante à minha escutando uma ideia esdrúxula do Daniel Silveira. Ele não falou: po (sic), senador, pense. Não falou nada disso. (...) Não impediu o Daniel, mas estava claro que era o Daniel desesperado."
O agora ex-mandatário Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde o final de dezembro, sempre desacreditou o sistema eleitoral, afirmando, sem provas, que havia fraude em cada situação que não lhe beneficiava. A postura insuflou apoiadores a atos antidemocráticos, que culminaram na invasão à sede dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023. Mais de mil pessoas foram presas, algumas, inclusive, do Espírito Santo.
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Embora reclame de ser chamado de bolsonarista, Do Val foi apoiador de Bolsonaro enquanto ele esteve à frente da Presidência. E mesmo tendo dito, após a invasão a Brasília, que a direita havia dado "um tiro no pé" com os atos, compareceu ao ginásio da Polícia Federal em que os golpistas eram mantidos para passar por triagem antes de serem enviados para presídios do Distrito Federal, para lhes dar apoio.
À Veja, o senador disse, ao ser questionado sobre a proximidade com o ex-presidente, que atua no "espectro de direita" e que Bolsonaro nunca "mostrou qualquer intenção em atuar fora das quatro linhas".
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"A ideia era que eu gravasse o ministro falando sobre as decisões dele, tentar fazer ele confidenciar que agia sem observar necessariamente a Constituição. Com essa gravação, o o presidente iria derrubar a eleição, dizer que ela foi fraudada, prender o Alexandre de Moraes, impedir a posse do Lula e seguir presidente da República. Fiquei muito assustado com o que ouvi", disse à Veja.
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/marcos-do-val-sobre-pedido-de-bolsonaro-fiquei-assustado-com-o-que-vi/
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Após a live, do Val publicou um comunicado em sua conta no Instagram, afirmando que apresentaria sua renúncia ao cargo no Senado e que pretende retornar à carreira nos Estados Unidos.
"Não adianta ser transparente, honesto, lutar por um país melhor se os ataques e as ofensas seguem da mesma forma. Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do Senado e voltarei para a minha carreira nos EUA", escreveu.
A decisão, de acordo com o comunicado, foi tomada em razão de ataques e ofensas sofridas durante o mandato. O pedido de afastamento deve ser apresentado nos próximos dias, segundo o próprio senador.
*Com informações da Agência Estado
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