A capixaba Eliziane Santos Neves, que viralizou no último domingo (30) ao proferir palavras de ódio contra nordestinos após o resultado das eleições presidenciais, disse estar recebendo ameaças e pediu desculpas pela publicação. Moradora de Cariacica, Eliziane afirmou que já depôs à Polícia Civil. O caso está sendo investigado pela Superintendência de Polícia Regional Metropolitana (SPRM).
A mulher diz ter bebido demais no domingo e que também havia tomado remédios para dormir, o que teria levado ela a falar, segundo Eliziane, "aquelas besteiras horríveis". O vídeo foi gravado após o resultado das eleições, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
Eliziane explica que o vídeo foi deletado 1h30 após ter sido publicado. Nesta terça-feira (1), as imagens viralizaram nas redes sociais. Nelas, Eliziane chama os nordestinos de "bando de passa fome", "pobres" e "bando de miseráveis", entre outras citações.
"Agora não venham aqui para o Sudeste vender suas redes, não, amores. Continuem aí nas cidades de vocês, não venham para cá não, bando de miseráveis, pobres”. Em seguida, a empresária comentou a respeito de uma viagem que fará para o Nordeste no final do ano, nas suas férias. Segundo ela, "os nordestinos" irão servi-la nos bares e pedir esmolas enquanto ela "curte".
A investigada conta que publicou um pedido de desculpas e alega não ser o tipo de pessoa que se apresenta no vídeo.
"Meus familiares são a maioria da Bahia. Eu nunca pensei viver uma situação como essa. Eu me arrependo amargamente do que eu fiz. Não sou aquela pessoa do vídeo, já estou respondendo na Justiça, recebi intimação em casa e depus na delegacia da Polícia Civil. Fiz um boletim relatando, infelizmente eu tô recebendo muitas ameaças, meus filhos não estão indo na escola, minha vida virou um inferno", respondeu.
Eliziane fechou a conta no Instagram e lamentou a publicação. "Mais uma vez eu reitero, eu não sou essa pessoa. Eu já fiz muita coisa boa, só que isso não viraliza", concluiu.
A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) informou, por meio de nota, "que teve ciência do caso e, considerando a necessidade de reprimir condutas que imprimem delitos envolvendo práticas de intolerância, discriminação, preconceito, injúria, racismo e o discurso de ódio, a fim de preservar a ordem pública e a dignidade da condição humana, encaminhou o caso, com caráter de urgência, para ser apurado pela Superintendência de Polícia Regional Metropolitana (SPRM)".
A reportagem também demandou o Ministério Público do Espírito Santo para saber se foi instaurado algum procedimento de investigação por conta da suspeita de xenofobia. O órgão informou que recebeu manifestações enviadas por cidadãos em relação ao caso e analisa os fatos. " O MPES também aguarda a conclusão do Inquérito Policial para análise e adoção das providências cabíveis", finalizou, em nota.
O MPES enviou nota sobre o caso. O texto foi atualizado.
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