O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou, nesta quarta-feira (02), no Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta, que o mundo e, consequentemente, o Brasil, vive uma fase de "tribalismo", "não aceitando ideias contrárias a suas visões de mundo, levando ao radicalismo".
Ele exemplificou, num tom de alerta, que radicalismos podem levar a cenários similares ao da série "The Handmaid's Tale".
"Já existem alguns prognósticos futuros para esses radicalismos e, para aqueles que não estão assistindo, eu recomendo a série que se chama 'The Handmaid's Tale', que na tradução livre é 'A Fábula da Aia'. É interessantíssimo assistir isso, porque ela é uma consequência desse tribalismo que nós estamos vivendo no mundo de hoje".
A série, baseada no livro "O conto da Aia", é exibida pela Paramount, citada por Mourão.
No streaming do canal a sinopse é a seguinte: "Em um futuro distópico, a taxa de natalidade do mundo cai abruptamente como resultado de diversas doenças e condições ambientais do planeta. No meio deste caos, um governo teocrático, totalitário e cristão está ditando novas regras".
"The Handmaid's Tale" está também na Globoplay. Sinopse do capítulo 1: "Offred, uma das poucas mulheres férteis conhecidas como Handmaids na República opressiva de Gilead, luta para sobreviver como substituta reprodutora para um poderoso Comandante".
Apesar das declarações de tom quase progressista, há poucos dias Mourão afirmou, por exemplo, que não existe racismo no Brasil.
O vice-presidente também afirmou, nesta quarta-feira, com ar de preocupação, que os regimes democráticos têm sido contestados e citou o livro "Como as democracias morrem", dos professores de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.
"Começam a surgir indagações sobre a viabilidade da democracia liberal. Tem um livro bem recente que tem sido muito citado pelos nossos analistas e formadores de opinião, que é 'Porque as democracias morrem' (ele quis dizer 'Como as democracias morrem'). Tudo isso é fruto desse ambiente que nós estamos vivendo no mundo como um todo e no Brasil não é diferente. Ninguém pode se surpreender com os reflexos do tribalismo no nosso país, porque é uma consequência do que está ocorrendo à nossa volta", avaliou Mourão.
A obra é um best-seller. Levitsky, no entanto, afirmou em março, em entrevista ao Correio Braziliense, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), parceiro de chapa de Mourão, é um risco à democracia, mas um risco fraco.
"Os quatro indicadores (de comportamento autoritário) são (1) rejeição das regras democráticas do jogo; (2) negação da legitimidade dos oponentes políticos; (3) propensão a restringir liberdades civis básicas de rivais ou da mídia; (4) encorajamento ou tolerância à violência. Bolsonaro se encaixa nos quatro. Isso ficou claro durante a campanha de 2018 e é por isso que era tão perigoso elegê-lo", afirmou o coautor do livro, ainda em entrevista ao Correio.
Ele pontou, no entanto, que as instituições brasileiras e o fato de Bolsonaro não ser tão popular quanto outros líderes autoritários, como foi Hugo Chávez, na Venezuela, por exemplo, minimizam a ameaça.
Mourão esteve em Vitória para participar do Vitória Summit e, antes da palestra, almoçou com o governador Renato Casagrande (PSB) no Palácio Anchieta.
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