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Movimento Gays de Direita faz encontro nacional no Espírito Santo

Movimento Gays de Direita faz encontro nacional no Espírito Santo

Grupo vai discutir pautas conservadoras e espera contar com a presença da deputada federal Carla Zambelli (PSL), aliada do presidente Jair Bolsonaro

Publicado em 12 de julho de 2021 às 16:00

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Wilk Anderson e Bianca Biancardi são presidente e vice-presidente, respectivamente, do movimento Gays de Direita Brasil
Wilk Anderson e Bianca Biancardi são presidente e vice-presidente, respectivamente, do movimento Gays de Direita Brasil. (Divulgação/Gays de Direita Brasil)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

De tradição conservadora e palco de movimentos organizados de direita, o Espírito Santo vai sediar o primeiro encontro nacional Gays de Direita Brasil (GDB). O evento vai reunir representantes de diferentes Estados para discutir pautas ligadas ao conservadorismo.

Embora haja expectativa para a presença de figuras públicas, como a deputada federal Carla Zambelli (PSL) e a youtuber Karol Eller, conhecidas por serem grandes defensoras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e o movimento use a imagem do mandatário em divulgações, integrantes afirmam ser independentes do atual chefe do Planalto.

“Não é um movimento para apoiar Bolsonaro. Mesmo que ele saia do governo, nosso movimento vai continuar. Inclusive, temos pessoas no grupo que não apoiam o presidente”, afirma Wilk Wanderson, presidente do movimento Gays de Direita Brasil (GDB), criado no Espírito Santo. 

Bolsonaro tem um histórico de declarações homofóbicas e construiu a carreira política em meio a polêmicas e discursos de ódio contra minorias, entre elas os homossexuais. O presidente já defendeu a castração química, chegou a dizer que a homossexualidade está relacionada a um erro na educação dos pais e que preferia um filho morto a gay. Apesar disso, as declarações são vistas como "mera desinformação" por membros do movimento.

Wilk é um dos responsáveis por organizar o encontro nacional no Espírito Santo. Desde 2018, ele tem participado de eventos com gays de direita no Brasil, nunca em terras capixabas. Foi membro do grupo Gays com Bolsonaro, que ainda existe, mas sem a participação de Wilk, que deixou o movimento para se dedicar à criação do GDB no Estado.

De acordo ele, o fato de o país viver uma onda conservadora tem permitido a articulação do grupo, que encontram terreno para crescer no Espírito Santo.

“O movimento de direita aqui é muito forte e tem histórico de atuação desde o impeachment da Dilma. Participando de manifestações no Estado eu conheci outros homossexuais que defendiam valores conservadores, mas que não falavam sobre isso porque eram criticados. Aí veio a ideia de elaborar um movimento para dar voz a essas pessoas”, contou. 

O Gays de Direita Brasil é o primeiro movimento deste segmento a surgir no Espírito Santo e conta com membros de cidades do interior como LinharesSão Mateus e Montanha, além da Grande Vitória. À frente do grupo, Wilk quer ser referência nacional para debater pautas conservadoras, entre elas a defesa de valores tradicionais da família e religião, opostas à luta do movimento LGBTQIA+.

“A razão de existir do movimento Gays de Direita Brasil é para apoiar e dar suporte a homossexuais e transexuais que não se sentem representados pela esquerda e pelo movimento LGBTQIA+. Para nós, o ativismo não se resume a gênero e sexualidade. Antes de sermos gays, somos cidadãos brasileiros”, afirmou Wilk.

Os chamados "valores tradicionais" que o grupo defende são crenças políticas e sociais de que regras morais devem reger algumas instituições, entre elas a família e a religião. São valores contrários aos avanços e direitos conquistados pela comunidade LGBTQIA+ ao longo das décadas.

O movimento também é contra o aborto e faz críticas a intervenções do Judiciário em assuntos no país, entre eles a homofobia, que se tornou crime em 2019, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A criminalização foi, por anos, uma das pautas do movimento LGBTQIA+, diante do crescente número de homossexuais e transexuais mortos por causa da orientação sexual. Apenas no primeiro semestre de 2021, 80 pessoas trans foram mortas no Brasil, segundo levantamento da Associação Nacional de Trans e Travestis (Antra).

A deputada federal Carla Zambelli (PSL) junto com Wilk Wanderson, presidente do movimento Gays de Direta Brasil,
A deputada federal Carla Zambelli (PSL) junto com Wilk Wanderson (de camisa branca), presidente do movimento Gays de Direta Brasil. (Reprodução Twitter/Carla Zambelli)

Apesar de ainda não ter aspirações políticas, o movimento Gays de Direita Brasil está construindo seu próprio estatuto e pretende participar ativamente das eleições de 2022 apoiando candidaturas, desde as Assembleias Legislativas até a Presidência da República.

"Por enquanto, não temos pretensão política. Eu sou a única que já concorreu a uma eleição. Mas vamos apoiar candidatos em 2022 cujas pautas nos identificamos, que não nos tratem como diferentes, porque somos todos iguais", afirmou a vice-presidente do Gays de Direita Brasil, Bianca Biancardi, que disputou a eleição no ano passado para a Prefeitura de Cariacica.

O EVENTO

O Fórum Nacional do Gays de Direita Brasil vai ser realizado em outubro, com representantes de movimentos similares em diferentes Estados. O evento não é aberto ao público e o local ainda vai ser definido. A programação conta com palestras e rodas de discussão durante três dias, com o valor de R$ 330 no total.

Além da deputada Carla Zambelli, que manifestou, nas redes sociais, que pretende comparecer, e da youtuber Karol Eller, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também foi convidada e há expectativa para que ela participe, mesmo que virtualmente.

"Desde outros movimentos que participei, a gente sempre teve um diálogo bem aberto com a Damares, que apoia várias das nossas causas. Ela foi convidada e disse que vai participar, mas a gente ainda não sabe se será de forma virtual ou presencial", afirmou Wilk.

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