Militante há cerca de 20 anos e ativista LGBTQIA+, a assistente social Barbarah Brasil, 39 anos, foi nomeada coordenadora de Diversidade da Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e vai ser a primeira mulher trans a comandar o setor, que tem como principal objetivo construir uma política de diversidade sexual e de gênero no Espirito Santo, além de desenvolver políticas públicas específicas para mulheres trans e travestis.
A coordenadora de Diversidade da Secretaria Estadual de Política para Mulheres disse que já recebeu muitas demandas e uma das primeiras ações adotadas foi ouvir detentas da Penitenciária Feminina de Cariacica, localizada em Bubu, e nos próximos dias deve visitar as presas do Presídio de Segurança Média II, de Viana.
"Vamos ouvi-las para saber quais são as suas necessidades. A intenção é que elas saiam da prisão para outra realidade e não voltem para o que tinham antes. Queremos fazer política pública para que dê impacto positivo na vida dessas mulheres", afirmou.
Uma das medidas previstas especificamente para mulheres trans, segundo Barbarah, é desenvolver políticas voltadas para a criação de oportunidades e empregabilidade para as trans. "A gente também quer criar incentivo para que elas voltem a estudar, porque muitas delas têm apenas o ensino fundamental. Queremos que elas façam o ensino médio e cheguem até a faculdade, porque às vezes existe oportunidade de emprego, mas elas não têm qualificação adequada", frisou.
Para isso, ela pretende se utilizar da experiência adquirida com projetos sociais desenvolvidos pela Acadêmicos da Grande Jacaraípe, entidade da qual é presidente e desenvolve trabalhos voltados para a empregabilidade de mulheres e de pessoas trans.
Antes de entrar para a política — está filiada ao PSB desde 2020 e é secretária do segmento LGBTQIA+ do PSB da Serra, além de ter concorrido ao cargo de deputado estadual em 2022 —, Barbarah foi ativista social e também trabalhou na área cultural.
"Sou uma sobrevivente das dificuldades da vida. Como praticamente toda mulher trans, já passei pela prostituição. Fui a primeira carnavalesca mulher no carnaval capixaba, comecei na Tradição Serrana, em 2005, e depois passei por outras escolas. Essa questão cultural me levou a questões sociais, comecei a fazer trabalhos sociais, já recebi e acolhi muitas trans na minha casa. Entrei na faculdade depois disso e a militância foi me levando aos projetos que atuo hoje", contou a coordenadora de Diversidade.
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