No final do ano passado passou a circular nas redes sociais a informação de que o instrutor de segurança Marcos do Val teria um mandado de prisão em aberto no condado de Galveston, Texas, nos Estados Unidos. Após as eleições de outubro, em que Do Val, agora filiado ao PPS, foi eleito para o Senado, a história ressurgiu no WhatsApp. O Gazeta Online checou com as autoridades de Galveston e não há mandado de prisão contra Do Val no condado norte-americano.
O que tem sido compartilhado é o print de uma publicação do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), no Twitter. O link do post, de 15 de setembro de 2017, ainda está no ar e mostra o que seria um documento do Estado do Texas com uma ordem de prisão para Marcos Ribeiro Do Val pelo crime de "impersonate a public servant with intent to induce another to submit to his pretended official authority", que é fingir ter uma posição no serviço público para submeter alguém a essa falsa autoridade. Tal crime teria ocorrido, ainda de acordo com a publicação, no condado de Galveston.
A reportagem entrou em contato com a polícia do condado. Por telefone, após ser informada do nome completo e da data de nascimento do senador eleito, uma oficial da polícia fez uma busca no sistema e constatou que não há mandado de prisão para Do Val.
Houve a orientação para também entrar em contato com a cidade de Galveston, sede do condado. De lá, ainda por telefone, Ginger Gaus, da polícia da cidade e responsável pelo setor "open records", de registros que ficam disponíveis ao público, também pesquisou pelo nome e data de nascimento de Do Val e não encontrou nenhum de mandado de prisão.
Em novembro do ano passado, já depois da circulação do boato, Marcos Do Val esteve em Galveston e postou um vídeo no YouTube em que aparece em frente à sede de vários órgãos do condado, inclusive do escritório do xerife, e ao lado de algumas autoridades para mostrar que a acusação é falsa.
Tudo começou com a publicação em uma página no Facebook chamada "Stolen Valor Brasil", com a imagem do suposto mandado de prisão. Do Val acionou, ainda no final do ano passado, a Delegacia de Crimes Eletrônicos, da Polícia Civil. A Justiça estadual determinou que o Facebook forneça os dados cadastrais dos responsáveis por esta e outras páginas que também divulgaram o conteúdo e a retirada de tais páginas, quatro no total, do ar. O inquérito segue em tramitação. Outra página similar à "Stolen Valor Brasil", no entanto, foi criada. E no WhatsApp continuam os compartilhamentos.
O agora senador eleito tem uma empresa de treinamento em segurança para policiais e frequentemente estava nos Estados Unidos. Ele credita o boato à "concorrência desleal". Quanto à postagem de Carlos Bolsonaro no Twitter, que viralizou no WhatsApp, ele avalia que os filhos do presidente eleito "gostam de polêmica".
A reportagem também entrou em contato com o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro. A informação é a de que ele está de licença até a próxima segunda-feira (12).
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