A viúva do ex-governador Gerson Camata, a ex-deputada federal Rita Camata, prestou depoimento nesta terça-feira (3) no primeiro dia do julgamento do assassino confesso do ex-governador, Marcos Venicio Moreira Andrade.
Ao sair do Fórum Criminal de Vitória, Rita reafirmou a confiança na condenação do réu, cujo destino vai ser definido por sete juradas. Já quanto a ter estado na mesma sala que Marcos Venicio, ex-assessor de Camata, ela disse que preferiu não olhar diretamente para o assassino.
"Não olhei para a cara dele. Foi uma pessoa que conviveu muito, comia na nossa mesa, participava das coisas que a gente vivia. E ele fazer o que fez, por nada, é muito triste, muito doloroso. Eu preferi não olhar para o rosto dele", contou, em entrevista coletiva.
Marcos Venicio está preso, preventivamente, desde o dia do crime, 26 de dezembro de 2018.
Para a acusação, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o homicídio foi premeditado e ocorreu por motivo torpe. Marcos Venicio culpava Camata por ter sido demitido de um cargo comissionado e por ter tido R$ 60 mil bloqueados na conta bancária.
Em 2009, Marcos Venicio acusou Gerson Camata, em entrevista ao jornal "O Globo", de prática de caixa dois e de rachid – ficar com parte dos salários dos próprios funcionários, quando senador. As acusações, no entanto, não foram provadas.
Camata processou Marcos Venicio por danos morais e o Judiciário bloqueou a quantia no âmbito da ação.
Já a defesa sustenta que o crime não foi premeditado e ocorreu movido por violenta emoção.
"Acredito na Justiça, no Ministério Público, nos nossos advogados. Pelo que vi, as testemunhas do acusado não têm o que dizer", afirmou Rita Camata.
O crime ocorreu no dia seguinte ao Natal, em 26 de dezembro de 2018. Gerson Camata havia acabado de comprar um livro e cumprimentava conhecidos em uma calçada na Praia do Canto, em Vitória, quando foi abordado por Marcos Venicio, ex-assessor dele. Aos 77 anos, o ex-governador foi morto com um tiro, um crime que chocou o Espírito Santo.
Marcos Venicio foi detido em flagrante horas depois do assassinato e, no dia seguinte, a prisão foi convertida em preventiva. Ele é mantido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II.
Em 2019, o ex-assessor confessou o crime em interrogatório prestado ao juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Na ocasião, afirmou que não premeditou o crime e que saber que tirou a vida do ex-chefe é uma “tortura diária”. "O presídio é muito duro, mas mais duro ainda é saber que tirei a vida dele", disse Marcos Venicio, de acordo com a transcrição das declarações prestadas por ele em juízo.
Assessor de Camata por 20 anos, Marquinhos, como é conhecido, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPES) pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Marcos Venicio relatou ao juiz que abordou a vítima para questionar sobre um processo judicial por danos morais movido por Camata, em que o ex-assessor teve cerca de R$ 60 mil na conta bancária bloqueados pela Justiça.
Ainda em 2019, o ex-assessor foi pronunciado – decisão para conduzi-lo a júri popular – pelo juiz Moulin. A decisão sobre a condenação ou não de Marcos Venicio vai ser tomada pelos jurados e a sentença será proferida pelo juiz de Direito.
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