Com 25 anos, Hugo Luiz Picoli Meneghel (PP) é o prefeito eleito mais jovem do Espírito Santo. Vereador em primeiro mandato, disputou, nas Eleições 2024, o comando de Alfredo Chaves, na região Serrana do Estado, em oposição à atual gestão e conseguiu 5.779 votos, o equivalente a 58,05% dos votos válidos. Na lista de prioridades de Hugo Luiz estão transparência na administração pública e mais investimentos em saúde.
Formado em Direito, o futuro prefeito ingressou na política como assessor parlamentar do ex-deputado estadual Rafael Favatto. Ele tinha 19 anos e, dois anos depois, decidiu concorrer a uma cadeira na Câmara de Alfredo Chaves, para a qual foi eleito com 345 votos. Uma de suas bandeiras foi também a transparência. Proposta de Hugo Luiz levou à transmissão ao vivo das sessões do Legislativo municipal e outra questionou a concessão de auxílio-alimentação a vereadores.
Embora ainda falte pouco mais de dois meses para assumir o novo mandato, Hugo Luiz afirma que já está trabalhando. Ele iniciou as tratativas com o atual prefeito, Fernando Lafayette (PSB), para montarem a equipe de transição com integrantes dos dois grupos, estrutura que deve ser formada nesta semana.
Confira entrevista com Hugo Luiz Meneghel (PP), prefeito eleito em Alfredo Chaves:
Na Câmara, eu tinha feito todas as discussões possíveis, dado a minha contribuição da melhor maneira e decidi colocar meu nome para disputar a prefeitura por entender que algumas mudanças só seriam possíveis de dentro para fora. As falhas da atual gestão, que precisam ser corrigidas, dependiam dessa renovação. O município há 20 anos é comandado pelo mesmo partido (PSB) e, em 16 anos, foi o mesmo prefeito (Fernando Lafayette está no quarto mandato; ele não pode concorrer este ano, por ter duas gestões seguidas, mas indicou o sucessor Rolmar Botecchia, segundo colocado na disputa). Há coisas que ficam amarradas, estagnadas, em decorrência desse ciclo político de muitos anos.
A saúde, por exemplo. Nosso setor de regulação está na Região Sul, quando deveríamos estar na Metropolitana. Sempre foi assim e mudou nesta gestão. Essa é uma situação que, antes mesmo de assumir, na transição, quero conversar com o governo e reverter. Além disso, o raio X é analógico, faltam especialidades médicas, precisamos de Programa de Saúde da Família (PSF) no interior. Também percebemos desorganização no uso das máquinas, que não atendem os distritos, e maquinário quebrando com frequência; consumo desnecessário de óleo diesel; funcionalismo desvalorizado; falta de infraestrutura nas escolas. São "n" pontos.
As pessoas já acreditam em mim, me deram esse voto de confiança. E eu acredito que a confiança das pessoas, ao longo da campanha, se deve ao fato de não ter prometido ilusões. A gente trabalhou dentro do plano de governo. Dos problemas que identificamos na atual gestão. Apresentamos soluções plausíveis, compatíveis com a realidade do município. Cidade pequena tem orçamento limitado. Dependemos de convênios, de parcerias com os governos estadual e federal. Então, trabalhamos com essa realidade. Não prometemos, por exemplo, construir um hospital, mas oferecer uma estrutura de saúde melhor. A credibilidade vem do fato de prometer aquilo que é possível cumprir, do que pode ser implementado. O município precisa de renovação e apresentamos propostas factíveis. A população sentiu segurança. Primeiro, porque havia sinais de mudança e, depois, entendendo que o plano é possível de ser cumprido.
Vamos trocar todos os secretários e pretendo enxugar a estrutura administrativa. Chamar também os concursados (há um concurso em andamento em diversas áreas, como saúde e educação), dentro do prazo de validade, procurando enxugar a máquina pública. Vamos mexer não só na estrutura administrativa, mas também em contratos. A ideia é fazer uma auditoria e analisar os contratos que efetivamente são necessários. Fazendo isso, e com a economia de recursos, vamos aplicar nas áreas prioritárias.
Vamos priorizar nomes do município, dentro do próprio efetivo da prefeitura. Nomes competentes para assumir as pastas, ou com formação acadêmica, ou conhecimento prático. Na Agricultura, por exemplo, se não puder ser um agrônomo ou um técnico agrícola, alguém com experiência como produtor rural. A prioridade é ter uma equipe técnica.
Dos partidos que estavam coligados (PP, MDB, Republicanos e Federação PSDB-Cidadania), elegemos a maioria para a Câmara. Com essa composição, e principalmente com diálogo com o Legislativo, esperamos governar com tranquilidade. O diálogo é o ponto principal. Não é nem uma questão de troca de favores, que infelizmente acontece em larga escala no país, mas é ter uma abertura para o Legislativo e a sociedade se expressarem.
Vamos ter independência dos poderes e a equipe da prefeitura será técnica.
Sim. Queremos um Portal da Transparência sempre alimentado com informações da prefeitura, e uma divulgação institucional permanente, como aquela referente aos períodos de vacinação e matrículas. A médio e longo prazo também queremos desenvolver um aplicativo com os principais serviços e modernizar um pouco a gestão. Por exemplo: hoje existe o processo eletrônico, mas as pessoas não conseguem acompanhar, a não ser por e-mail ou se for presencialmente. É preciso ter uma interface com o cidadão.
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