Em campanha para vencer as prévias do PSDB e obter o apoio do próprio partido para disputar a Presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, realiza um périplo por diversos estados. Nesta sexta-feira (20), aportou no Espírito Santo.
O tucano também bate asas em direção ao eleitorado de centro, os que não nutrem simpatia nem pelo ex-presidente Lula (PT) nem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Como o antagonismo entre Doria e Bolsonaro tem deixado evidente, o "BolsoDoria" de 2018 ficou para trás. Já o antipetismo permanece.
"Eu tenho a visão que coincide com a de 52% dos brasileiros que, em recente pesquisa do Instituto Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, indicaram que não querem nem Lula nem Bolsonaro. E eu acrescentaria: nem horror nem terror", afirmou, em entrevista para A Gazeta, na sede da Rede Gazeta, em Vitória.
Doria quer se viabilizar como a chamada terceira via. Primeiro, tem que passar pelo crivo do PSDB. Ganhou, recentemente, o apoio público do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC havia dito recentemente que, embora apoie uma candidatura própria do partido, num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, escolheria o petista.
Agora, fez um aceno direto a Doria. Além do governador de São Paulo, disputam as prévias do PSDB o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
Os possíveis candidatos da terceira via, que concentra ainda nomes de fora do PSDB, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), ainda patinam nas pesquisas de intenção de voto. Para isso contribui a pulverização de nomes, a falta de consenso.
Questionado, pela reportagem, se conseguiria atrair grupos políticos mais distantes, como a centro-esquerda, o governador de São Paulo, que se identifica como de centro, ponderou que os eleitores não fazem essa acepção, que importa mais para os políticos.
Ele disse ainda acreditar que há tempo para que a terceira via engrene: "Até o final do ano, e é absolutamente compreensível e correto, a população vai estar preocupada com a sua vacinação, com a sua proteção, com a recuperação do seu emprego ou da sua oportunidade de trabalho. A partir do ano que vem, pensará mais fortemente na sua decisão eleitoral".
Doria participou, na noite de sexta, de um encontro com lideranças do PSDB capixaba em um hotel de Vitória, onde concedeu entrevista coletiva. Questionado sobre as constantes manifestações de Bolsonaro em relação às eleições de 2022, que o presidente diz que podem nem acontecer, e sobre ataques, por enquanto apenas verborrágicos, ao Supremo Tribunal Federal, o tucano lembrou que assinou a carta dos governadores em defesa do STF.
"Com segurança, ainda que com a instabilidade dos próximos meses e flertes autoritários de Bolsonaro, o Brasil terá eleições em 2022. Eleições livres, soberanas e com a urna eletrônica", afirmou.
Mas Doria não se movimenta apenas entre os tucanos. Nesta sexta, antes de vir ao Espírito Santo, por exemplo, deu posse ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) como secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo. No cargo, Maia vai receber salário de R$ 20.743,72 brutos.
No evento de posse, o ex-presidente da Câmara sinalizou apoio eleitoral ao chefe: "Não teremos cinco caminhos (em 2022). Está na hora de fortalecer um projeto no nosso campo. Minha sinalização política está clara".
Em pesquisa realizada pelo Ipespe a pedido da XP Investimentos, Doria aparece com 5% das intenções de voto no primeiro turno, empatado com Mandetta. À frente estão Ciro Gomes (PDT), com 10%; Bolsonaro, com 24% e Lula, com 40%.
Num eventual segundo turno, Doria e Bolsonaro empatam tecnicamente (dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais). O presidente tem 35% e Doria, 37%.
As prévias do PSDB ocorrem no dia 21 de novembro. No Espírito Santo, o governador de São Paulo jantou, nesta sexta, com o governador Renato Casagrande (PSB). No sábado (21), participa de evento com tucanos locais.
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