Embora vez ou outra submetido a um processo de fritura por parte de aliados de Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deu provas, durante agendas no Espírito Santo, nesta terça-feira (29), de ser um "soldado" que dedica elevadíssima fidelidade ao presidente da República.
Durante entrevista coletiva no Palácio Anchieta, ele buscou dividir com Bolsonaro os elogios que recebeu de populares capixabas e até relativizou o equívoco cometido pelo presidente quando ameaçou retirar a Força Nacional de Cariacica por causa de um canal que teria sido criado para expor os militares. O sistema existia desde 2017 e, nesta terça, foi aprovado pelo ministro.
"O presidente também teve suas razões de efetuar aquela reclamação. Pareceu, à primeira vista, que havia um programa de disque-denúncia orientado especificamente contra a Força Nacional, como se houvesse alguma suspeição na atuação da Força Nacional, quando não existe. Mas, como eu disse, foi um mal entendido", afirmou.
O ministro também evitou constrangimentos a Bolsonaro ao esquivar-se da polêmica sobre o vídeo publicado pelo presidente por meio do qual fez comparação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e hienas. Ele evitou responder a respeito sinalizando que estava aberto apenas a questionamentos voltados ao projeto "Em frente, Brasil", lançado pelo ministério. O programa é piloto e funciona em cinco cidades do país. Cariacica é uma delas.
Um pequeno grupo de simpatizantes foi até o Palácio Anchieta manifestar a admiração pelo ex-juiz federal da Operação Lava Jato. Eles pediram para que o ministro concorra à presidência da República - pretensão que, embora o comportamento sugira o contrário, ele garante não ter. À tarde, na agenda na Prefeitura de Cariacica, ele também receberia palavras de incentivo de apoiadores. Sergio Moro foi requisitado para muitas selfies.
Questionado, ainda pela manhã, sobre como encarava os pedidos para que seja presidente, também saiu-se mencionando o político que deu a ele o cargo de ministro.
"O carinho da população reflete, a meu ver, o apreço que existe também ao presidente Jair Bolsonaro e aos resultados que temos obtido no âmbito da segurança pública. Esse tipo de manifestação é um apoio ao governo em geral", comentou.
Chamado por Bolsonaro para atuar com "carta branca", o trabalho do ex-juiz na administração sofreu esvaziamentos e interferências. A situação ficou pior quando o presidente trocou o comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro sem dar ciência à cúpula da instituição, ligada à pasta de Moro. "Quem manda sou eu", alfinetou o presidente.
Na visita ao Estado, Moro não detalhou prazos de permanência da Força Nacional. Disse que ela pode ser prorrogada, caso o ministério avalie necessário. Ele também não detalhou como e quando será a segunda frase do "Em Frente, Brasil" em Cariacica. Há a previsão de que a nova etapa renda R$ 200 milhões em investimentos. Tudo ainda está sob análise do governo. Também comentou o julgamento no STF sobre prisão para condenados em segunda instância, e se disse a favor.
Sergio Moro passou cerca de oito horas no Estado, com agendas em Vitória, onde almoçou iguarias capixabas, e Cariacica. Veio acompanhado pelo senador Marcos do Val (Podemos) em voo da Força Aérea Brasileira (FAB). O coordenador da bancada federal, deputado federal Josias da Vitória (Cidadania), a vice-governadora Jaqueline Moraes (PSB), o governador Renato Casagrande (PSB) e o prefeito de Cariacica, Juninho (Cidadania), foram ao aeroporto receber a comitiva do ministro.
O ministro não quis comentar se tem pretensões políticas. Ao deixar o salão São Tiago, no Palácio Anchieta, apenas brincou dizendo que seria candidato ao governo do Espírito Santo.
O comentário, em tom de brincadeira, foi feito para desmobilizar jornalistas que o cercavam em busca de mais declarações após a coletiva de imprensa, enquanto as autoridades caminhavam para área reservada.
O governador Renato Casagrande entrou na brincadeira dizendo que daria apoio a Sergio Moro.
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