> >
Número de candidatos a prefeito cresce 120% na Região Metropolitana de Vitória

Número de candidatos a prefeito cresce 120% na Região Metropolitana de Vitória

Passadas as convenções partidárias, 64 candidatos estão confirmados para prefeituras de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Guarapari, Viana e Fundão, somadas

Publicado em 19 de setembro de 2020 às 10:39

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Cabine de votação nas eleições de 2016
Cabine de votação nas eleições de 2016: naquele ano, o eleitor encontrou bem menos opções nas urnas do que, ao que tudo indica, vai encontrar em novembro de 2020. (Roberto Jayme/Ascom/TSE)

Mesmo com o cenário da pandemia de Covid-19, que agrava a arrecadação dos municípios e deixa a realidade dos próximos gestores mais difícil de enfrentar, o número de candidatos para disputar o posto de chefe do Executivo municipal nas sete cidades que integram a Região Metropolitana da Grande Vitória é 120% maior que em 2016. 

Nas últimas eleições, 29 candidatos disputaram cadeiras de prefeito na região. Este ano, de acordo com levantamento feito pela reportagem com base nas atas das convenções partidárias, o número subiu para 64, somando VitóriaVila VelhaCariacicaSerraGuarapariViana e Fundão.

A quantidade de nomes ainda pode cair, já que o prazo para o pedido de registro das candidaturas na Justiça Eleitoral vai até o dia 26 de setembro, mas a explosão de candidaturas confirma o que especialistas previam: o fim das coligações para eleição de vereadores força os partidos a manter candidaturas a prefeito para "puxar voto" para vereadores.

Cariacica é a que mais confirmou nomes e, também, a que teve maior crescimento percentual de candidaturas. Em 2016, apenas quatro candidatos chegaram às urnas enquanto neste ano as convenções partidárias já lançaram 14 nomes na disputa. É um salto de 250%. Fundão é o único município que não registrou o fenômeno, confirmando, até o momento, apenas três candidatos.

Vitória também teve um crescimento considerável, passando de cinco para 12 candidaturas, e a Serra, de quatro para 9. Vila Velha e Guarapari registram, até agora, o mesmo número de candidatos nos dois momentos, seis em 2016 e 10 após as convenções deste ano. Viana, que teve apenas dois candidatos em 2016, já tem seis nomes confirmados. Não foram consideradas, para o levantamento, candidaturas que foram indeferidas pela Justiça Eleitoral na eleição passada.

Para o cientista político João Gualberto Vasconcellos, Cariacica é o exemplo perfeito de um dos fatores que levaram ao salto de candidaturas: a ausência de lideranças fortes. "Temos um presidente da República que não faz parte de nenhum partido, um governador que não está atuando nas eleições e a ausência de candidatura de lideranças fortes", aponta. Se os nomes mais tradicionais estivessem na disputa, opina João Gualberto, fariam uma articulação para colocar lideranças menos influentes como vice ou candidatos a vereador, o que poderia reduzir o número de candidaturas.

Mesmo com esse fator, contudo, a questão principal, aos olhos do especialista, é o fim das coligações. "Tenho a impressão que o aumento deve-se em primeiro lugar ao fim das coligações. Tem uma engenharia do processo eleitoral que força candidatos a vereador a precisarem de um candidato a prefeito. Os vereadores não estão preocupados em eleger o prefeito, estão preocupados com ter um domínio sobre o fundo partidário, sobre o tempo de propaganda", assinala.

Antes da regra, criada pela mirreforma eleitoral de 2017, os partidos podiam buscar alianças para criar chapas de vereador. Ou seja, uma chapa poderia conter candidatos a vereador de diferentes partidos e um candidato a prefeito de peso, com tempo de propaganda extenso e possibilidade de dividir o palanque para tentar eleger o máximo de vereadores possível. Agora, pela regra, todos os candidatos a vereador precisam ser da mesma sigla, o que faz com que os partidos queiram manter seus candidatos a prefeito para trazer essa visibilidade.

Outro fator que contribui, mas de forma mais lateral, são as regras de divisão do fundo partidário. O advogado eleitoral Ludgero Liberato explica que dois dos fatores que são levados em consideração para a distribuição da verba entre os partidos são o número de votos e a quantidade de cadeiras que as siglas ocupam no Congresso. Com as eleições de 2022 já no horizonte, candidatos interessados em concorrer a vagas em Brasília começam a se movimentar.

"Não é tão relevante quanto o fim das coligações, mas é um momento de aparecer e começar a ter o nome ventilado. PT e PSL, por exemplo, são os dois partidos com mais dinheiro de fundo partidário, porque formaram as maiores bancadas em 2016", pontua.

A verba pública é distribuída de acordo com critérios internos das siglas, ou seja, nem todos os Estados recebem o mesmo valor. "Acaba que o Espírito Santo recebe uma fatia muito pequena do dinheiro", assinala Liberato.

Além das verbas, o tempo de propaganda eleitoral gratuita em TV e no rádio também é distribuído pelos mesmos critérios. Muitas siglas ficam de fora dos dois benefícios por não conseguirem eleger deputados federais, por isso, aponta o especialista, "nunca foi tão importante" para os partidos fortalecerem suas siglas visando eleger candidatos em 2022, mesmo que não consigam eleger um prefeito agora.

LISTA DE CANDIDATOS A PREFEITO NA REGIÃO METROPOLITANA DE VITÓRIA 2020

Cariacica

Fundão

Guarapari

Serra

Viana

Vila Velha

Vitória

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais