> >
Número de mulheres nas Câmaras do ES aumenta em 2021, mas nas prefeituras diminui

Número de mulheres nas Câmaras do ES aumenta em 2021, mas nas prefeituras diminui

Em 2020, 91 vereadoras foram eleitas em todo o Espírito Santo. Aumento é de 15% em relação a 2016. Já na disputa pelas prefeituras, apenas uma mulher conquistou o cargo. Na última eleição, quatro se elegeram

Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 12:06

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
mulheres
Número de vereadoras eleitas aumentou em relação a 2016. Nas prefeituras, contudo, a representatividade feminina foi reduzida. (Pixabay)

Em uma eleição que registrou recorde de candidaturas femininas, com 4.238 concorrendo no Espírito Santo, 92 mulheres foram eleitas no Estado em 2020. O número ainda é pequeno, e muito inferior ao de representantes masculinos, mas é 10% maior do que o alcançado em 2016, quando 83 candidatas se elegeram. Os dados foram disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O resultado obtido pelas mulheres nas urnas foi melhor nas Câmaras municipais. Das 92 eleitas, 91 serão vereadoras, sendo 30 delas negras. O crescimento é 15% comparado à última eleição, em 2016. Naquele ano, 79 mulheres conquistaram uma cadeira nos Legislativos.

O mesmo não se pode dizer sobre a disputa nas prefeituras. Apenas uma será prefeita em 2021, em São Domingos do Norte. Na última eleição, quatro se elegeram para Executivos municipais. 

NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Os dados do TSE mostram que a maioria das Câmaras municipais no Estado terão, pelo menos, uma mulher. Dos 78 municípios, 57 elegeram vereadoras, grande parte para exercer o mandato pela primeira vez.

É o caso da Capital, onde duas estreantes foram eleitas para o Legislativo da cidade, algo que não ocorria desde 1989. Uma delas, Camila Valadão (PSOL), teve a segunda maior votação na cidade, com 5.625 votos.

O município de Vargem Alta é o que terá o Legislativo municipal com maior representatividade feminina. Em 2021, as mulheres vão ocupar quatro das 11 vagas na Casa, o que corresponde a 36%. 

Há 21 cidades onde as Câmaras vão ser formadas apenas por homens. Em Cariacica, na Grande Vitória, não foram eleitas mulheres para a legislatura que começa em 2021. 

NAS PREFEITURAS

Esse resultado positivo, contudo, não é encontrado nas prefeituras, já que o número de prefeitas diminuiu. Em 2016, quatro mulheres foram eleitas para comandar as cidades de São Gabriel da Palha, Montanha, Guaçuí  e Presidente Kennedy. Nesta última, a prefeita Amanda Quinta (sem partido) foi afastada do cargo, por decisão judicial.

As outras três prefeitas não conseguiram se reeleger em 2020, e apenas São Domingos do Norte terá uma representante feminina à frente do Executivo, a prefeita eleita Ana Izabel Malacarne de Oliveira (DEM). A queda foi de 75%. 

"As mulheres encontram menos espaço e mais dificuldade para ocupar cargos majoritários, como de prefeito, governador, presidente. Por serem muito disputados, os partidos dão preferência aos homens e investem em suas campanhas. Eles têm a ideia de que as mulheres são menos habilitadas para assumir cargos de liderança, acham que elas não são firmes, agressivas", analisa a mestre em Ciências Sociais pela Ufes Dayane Souza.

"Isso tudo faz parte do processo de construção social e de gênero que estamos inseridos. Aquela falsa ideia de que as mulheres não nasceram para ocupar espaços de poder, e que esta responsabilidade é do homem", reforça. 

Apesar do crescimento da representatividade das mulheres, a política ainda é um espaço predominantemente masculino. Tanto é que a grande maioria das vagas disputadas neste ano no Estado vão ser preenchidas por homens em 2021.

Nas Câmaras municipais, eles ocuparão 90% das cadeiras. Já nas prefeituras, serão 98%. 

"É claro que ter mais mulheres eleitas é sempre um resultado positivo, porque incentiva e permite que outras mulheres ocupem esses espaços. Mas para termos mudanças efetivas, esse crescimento precisa ser algo consistente. E isso só vai acontecer a partir do momento que se mexer nas estruturas dos partidos e nas políticas de cotas para as eleições", afirma Dayane. 

"A cota que temos hoje, infelizmente, não garante que mulheres sejam eleitas. Além disso, há candidatas laranjas, apenas para preencher o percentual exigido pela Justiça Eleitoral. As candidaturas femininas precisam ser encaradas como prioridade." 

A cota de gênero determina que no mínimo 30% das candidaturas de um partido sejam preenchidas por um gênero e no máximo 70% por outro. Em 2018, esse percentual passou a ser obrigatório também para a distribuição dos fundos partidário e eleitoral. 

RESULTADOS EM 2020 POR GÊNERO

Câmaras 

Prefeituras

*Em Boa Esperança, o resultado da eleição está sub judice e deve ocorrer nova eleição. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais