Partido que já foi uma das maiores forças políticas no Espírito Santo e teve mais de um governador no Estado, entre eles o antecessor de Renato Casagrande (PSB), Paulo Hartung, o MDB virou palco de disputas internas nos últimos anos, perdendo espaço no território capixaba.
Reflexo desse esvaziamento foi a convenção estadual, realizada na manhã deste domingo (31) na Enseada do Suá, em Vitória. Na presença de poucas pessoas – cerca de 30 – , e em uma sala pequena na sede do partido, o MDB confirmou o nome da senadora Rose de Freitas na corrida pela reeleição. Mas não conseguiu formar uma chapa para disputar cadeiras de deputado federal.
"Nós tínhamos aí alguns candidatos que acabaram indo para outro lugar. Eles foram nos tirando", disse Rose, ao se referir a outros partidos.
"O MDB foi destruído literalmente por brigas que não tinham nada a ver, uma pessoa brigando com a outra porque cada um tinha um projeto. O partido sobreviveu a duras penas. Por isso, nós não temos uma chapa enorme e maravilhosa para a gente sentar aqui e falar. O MDB teve que renascer das cinzas, ele vai renascer das cinzas", afirmou a senadora.
Durante a convenção, foi apresentada a chapa de candidatos a deputado estadual, chamados por Rose de "heróis e heroínas".
A senadora não quis revelar ainda quem vão ser os suplentes dela.
"Eu já defini os suplentes, mas a todo momento tem um processo democrático. Todos estamos sujeitos a ter novos debates, nova formação, nova aliança. Estou tentando manter as escolhas que nós fizemos no debate, ouvi prefeito, ouvi lideranças, ouvi muita gente", disse.
Rose tenta atrair o apoio de outros partido em sua pré-candidatura ao Senado. Um deles é o PP, com quem ela tem reunião nesta segunda-feira (01). Internamente, o partido está dividido.
A senadora já conta com uma coligação formada por sete partidos. Além do MDB, estão: PSDB, Cidadania, PT, PV, PCdoB e PSB. "Podemos vai decidir só depois do dia 2", disse a senadora. Até o momento, o Podemos tem o nome de Coronel Ramalho para o Senado, mas a pré-candidatura dele já é dada como rifada pelo mercado político. A decisão está nas mãos da Executiva estadual.
Rose saiu do evento do próprio partido para ir direto à convenção do PSB, onde a legenda confirmou a candidatura do governador Renato Casagrande à reeleição e declarou apoio à senadora. Em discurso, Rose fez elogios ao socialista e disse estar pronta para caminhar com ele nas eleições.
"Nós estamos ao lado de um homem que tem trabalhado dia e noite para a população do Estado do Espírito Santo. O trabalho que esse homem fez não se pode criticar. E vai ficar na memória do povo capixaba", destacou.
"Eu tinha a escolha de ficar em casa, passear, conhecer Foz do Iguaçu, que eu não conheço, mas escolhi, quando vi Renato arregaçar a manga para continuar no governo, eu escolhi caminhar com ele. E não foram poucos os obstáculos, porque para a mulher é mais difícil. Pode acreditar que para a mulher é mais difícil", disse Rose, finalizando o discurso com um grito de "Viva a democracia!".
Casagrande, que já tinha dito, em entrevista, que Rose era a candidata dele, reforçou a decisão: "Rose é uma senadora que luta, é mulher guerreira, de luta. Vai ser nossa senadora."
Ricardo Ferraço, vice-governador da chapa de Casagrande, endossou o apoio. Ele elogiou a parlamentar e disse que ela seria importante para fazer a interlocução em Brasília.
"É muito importante que vocês também nos ajudem a levar Rose de Freitas para o Senado. Uma mulher com muita energia e que faz um mandato voltado para o trabalho e se apresenta em Brasília para representar o Espírito Santo. Se chegarmos ao governo do Espírito Santo, vamos precisar de Rose em Brasília para fazer interlocução", disse Ricardo.
Reforçando a tese de que conflitos internos ainda permanecem na legenda, foi registrada a ausência de algumas lideranças importantes, a exemplo do ex-deputado federal Lelo Coimbra (MDB). Ex-presidente do MDB, Lelo não só trocou o evento do próprio partido pelo do PSD, como discursou no palanque em apoio a Guerino Zanon (PSD), pré-candidato ao governo do Espírito Santo.
"A história do Guerino sempre foi no MDB. Essa base do MDB o conhece, o acompanha e ele sempre esteve ao lado das articulações que o MDB fez. Guerino saiu do MDB, mas o MDB, de fato, o que está em cada município, não saiu do Guerino. Muita gente do partido vai estar caminhando com ele porque entende que esse projeto era para ser feito dentro do MDB, com essa aliança que está posta aí", disse Lelo durante a convenção do PSD.
Até fevereiro deste ano, Guerino fazia parte dos quadros do MDB, mas mudou de legenda para concorrer ao Palácio Anchieta, já que não teria esse espaço dentro do partido. Apesar de não citar nomes, Lelo criticou a decisão do MDB de coligar com o PSB, sigla do governador Renato Casagrande, e atribuiu a dificuldade do MDB em montar chapas a essa movimentação.
"O partido perdeu uma grande oportunidade de ter chapa de estadual completa, chapa de federal completa, senador, inclusive a própria senadora, e ter um candidato a governador com o vigor do Guerino", disse.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta