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O que explica o fenômeno 'CasaNaro' no 2° turno das eleições no ES

O que explica o fenômeno 'CasaNaro' no 2º turno das eleições no ES

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) declararam votos no atual governador Renato Casagrande (PSB), em vez de Carlos Manato (PL); cientistas políticos explicam

Publicado em 20 de outubro de 2022 às 18:02

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Casagrande e Bolsonaro foram os preferidos na maioria das cidades do ES
Casagrande e Bolsonaro foram os preferidos na maioria das cidades do ES. (Arte: Geraldo Neto)

As primeiras semanas do segundo turno da corrida eleitoral no Espírito Santo têm sido marcadas pela declaração de apoio à reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) por figuras políticas do Estado que estariam, a princípio, em posições antagônicas, visto que nacionalmente declararam intenção de voto na reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que é do mesmo partido do outro candidato na disputa pelo governo capixaba: Carlos Manato (PL).

O chamado movimento “BolsoGrande” ou “CasaNaro” começou já no início do segundo turno, com deputados eleitos e aliados declarando votos na reeleição de Casagrande no Estado, ao mesmo tempo que buscam reeleger o presidente Jair Bolsonaro (PL) no cenário nacional. A combinação causa surpresa, visto que os dois candidatos são de campos políticos opostos. Tanto que o governador já declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro na disputa presidencial.

Casagrande tem na sua base aliada partidos como PP e Podemos, que conta com representantes que apoiam a reeleição de Bolsonaro. Entre eles estão os deputados federais eleitos Gilson Daniel, Victor Linhalis e Da Vitória. No Espírito Santo, Bolsonaro recebeu 52% dos votos para a Presidência, enquanto Casagrande teve 46,94% da preferência do eleitorado para o governo.

O que explica o fenômeno 'CasaNaro' no 2º turno das eleições no ES

APOIO DE MULHERES

O apoio que o candidato à reeleição Renato Casagrande tem recebido ao longo do segundo turno de algumas mulheres acabou deixando-as em lados opostos dos campos políticos aos quais estão associadas.

É o caso da Capitã Estéfane (Patriota), vice-prefeita de Vitória na gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), atual opositor do governador. Stéfane fez um vídeo ao lado do governador na sexta-feira (14) declarando seu apoio à reeleição e falando sobre os investimentos do governador na segurança pública.

A tenente Andresa dos Bombeiros (Solidariedade), que foi candidata a vice-governadora na chapa com o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) também declarou apoio a Casagrande, enquanto seu aliado no primeiro turno rumou para o palanque de Carlos Manato (PL).

O mais recente apoio do movimento “BolsoGrande” veio da deputada federal Lauriete (PSC), que fez um vídeo pedindo votos para a reeleição do atual governador.

Ao mesmo tempo que apoiam a reeleição de Casagrande, todas as três declaram abertamente o voto em Jair Bolsonaro (PL) para presidente.

O QUE EXPLICA O MOVIMENTO?

Mas o que explica esse movimento de pedido de voto em candidatos que estão em lados opostos nos palanques? De acordo com cientistas políticos, em cada Estado, as lideranças políticas locais têm mais autonomia em relação à eleição, ao mesmo tempo que muitas vezes o eleitor também não leva em consideração o fator partidário na hora de escolher o seu candidato.

Para Rodrigo Prando, cientista político da Faculdade Mackenzie, na eleição de 2022 não tem nada que faça o eleitor colocar tudo no mesmo patamar ideológico. Portanto, a racionalidade do voto não se limita a uma única variável.

“Há voto num presidente de esquerda, em governador de direita, num deputado de centro-esquerda e num senador de outro partido. Não existe racionalidade a ponto de que a única variável levada em consideração pelo eleitor seja o componente partidário ou ideológico”, explica.

Já a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart explica que uma característica do Estado brasileiro é ser federativo e de dimensões territoriais. Além disso, há tradição política em que os estados são muito autônomos em termos das dinâmicas políticas, o que quer dizer que os Estados tradicionalmente têm a sua liderança local e as famílias políticas. Portanto, a disputa se dá em termos locais.

Aspas de citação

É claro que a eleição presidencial organiza o campo político, mas não é radicalmente preponderante de forma a afetar as eleições estaduais. Isso explica porque o eleitor prefere um político de seu Estado, mas isso não determina seu voto nacional. Ele está se posicionando sobre as eleições locais sem deixar que isso condicione seu voto em termo nacional

Mayra Goulart
Cientista política e professora da UFRJ
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QUEM ESTÁ NO MOVIMENTO #CASANARO

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