O diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Eugênio Ricas, afirmou, em palestra no "Diálogos sobre Integridade", que a capacidade de trabalho da instituição está sendo fortalecida e que o objetivo dela é "ter uma Lava Jato em cada Estado".
Ricas prestou contas dos seus três meses à frente da diretoria. Também destacou a aquisição de equipamentos que vão aprimorar investigações, treinamentos oferecidos a policiais e escolhas estratégicas de policiais para divisões e diretorias que a nova administração vem fazendo.
Ao comentar a ida do delegado Márcio Anselmo, considerado o pai da Lava Jato, para a Divisão de Repressão aos Crimes Financeiros (DFIN), disse que designações estratégicas como essa disseminarão conhecimentos na PF e possibilitarão grandes operações no país.
"O que significa isso? Significa que vamos usar a expertise de um dos delegados que mais conhecem sobre crimes financeiros para disseminar isso no Brasil inteiro. Isso ignifica que nosso objetivo é que haja Lava Jato talvez em todos os Estados do Brasil. Por que não? Se há corrupção, é nossa obrigação que haja atuação da PF", afirmou.
AUTORIDADES
Ricas afirmou que a instituição investiga crimes, em todo o país, que podem ter representado R$ 75 milhões em desvios. Também informou que o grupo especial de inquéritos da PF investiga 137 dos 513 deputados federais, 35 dos 81 senadores e 7 dos 29 ministros de Estado.
O diretor ainda minimizou a polêmica declaração do diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, que sugeriu fragilidade nas provas coletadas no inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB) e, consequentemente, o arquivamento da apuração. Para o ex-secretário de Transparência do Espírito Santo, trata-se de uma questão superada.
INTEGRAÇÃO
O delegado também enfatizou a necessidade de integração do trabalho das polícias. Contou que 30 policiais federais foram para o Rio de Janeiro, numa operação permanente, trabalhar junto com as demais polícias e com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Se ficarmos compartimentando as informações, sem compartilhá-las, vamos continuar atrás da criminalidade organizada", comentou.
Ele também comentou que a criação do Ministério da Segurança Pública, ao qual a Polícia Federal passa a ser subordinada, não muda o trabalho da instituição.
Em entrevista, Eugênico Ricas ainda considerou que a Lava Jato tem como legado a redução da percepção de impunidade, mas alertou para a necessidade de a sociedade permanecer em alerta para que condenações de grandes nomes da república não tenham sido pontuais.
"Há alguns anos, ninguém conseguiria imaginar empresários do status de Marcelo Odebrecht condenados. Nem o ex-presidente Lula, um dos maiores líderes do mundo, condenado em segundo grau. É o grande marco da Lava Jato, mudar essa perspectiva. Reinava uma sensação de impunidade muito grande. Todo mundo tinha a percepção de que a Justiça jamais alcançaria os poderosos e os ricos. A Lava Jato mudou isso. É fundamental que sociedade permaneça vigilante para que não haja retrocessos", disse.
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