Internado na madrugada da última quarta-feira (14) com dores abdominais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi diagnosticado com um quadro de obstrução intestinal, ou suboclusão, que acontece quando o intestino impede a passagem de fezes e outros líquidos.
Segundo boletim médico divulgado pela Presidência, Bolsonaro permanecerá internado em "tratamento clínico conservador", o que significa que a equipe médica tentará tratar o problema sem passar por uma cirurgia. O quadro começou a chamar a atenção quando o presidente se queixou, e até comentou em algumas transmissões ao vivo nas redes sociais dele, de soluços persistentes.
"Estou há uma semana com soluços, talvez não consiga falar aqui adequadamente e me expressar", relatou o presidente em uma live no dia 8 de julho. Seis dias depois, o quadro evoluiu para dores intestinais, que o levaram a buscar atendimento no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília.
De acordo com o médico Alberto Buge Stein, cirurgião do aparelho digestivo da Rede Meridional, o soluço é uma das manifestações causadas pela obstrução no intestino, que pode ser total – impedindo a passagem das fezes – ou parcial, quando se cria uma barreira no órgão. Com o inchaço abdominal, há uma irritação no diafragma, afetando a respiração, o que ocasiona os soluços. Outros sintomas comuns, também, são a dificuldade de evacuar, a perda de fôlego e vômitos.
"Não dá para saber, com as informações até agora divulgadas, a evolução no quadro do presidente. Mas, de uma maneira geral, a suboclusão pode ser tratada, quando não há sinais de infecção, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. O presidente fica em repouso intestinal e não ingere nada, com a hidratação e a alimentação sendo feitas por sondas. A depender do paciente, os médicos aguardam 48h ou 72h para monitorar se o tratamento terá efeito. Se o problema persistir, aí é que começam a avaliar a necessidade cirúrgica", explica Stein.
Uma das prováveis causas para a obstrução intestinal de Bolsonaro são as quatro cirurgias que o presidente fez no abdômen, após levar uma facada durante a campanha eleitoral de 2018, além de outra intervenção para a retirada de um cálculo na bexiga e uma vasectomia.
Segundo o médico, quanto mais vezes uma pessoa passa por cirurgias em que se abre a cavidade abdominal, maior a chance de desenvolver aderências entre os órgãos. Isso ocorre durante o processo de cicatrização, quando se criam membranas entre os órgãos e podem gerar os chamados "acotovelamentos" nos intestinos, impedindo a passagem das fezes.
"Em casos como o do presidente, toda vez que há uma aderência e ocorre a obstrução, se busca o tratamento menos invasivo, sem o corte abdominal, que ajuda a evitar novas aderências no futuro. Não é um problema imediato, às vezes elas se formam anos depois da cirurgia e, a depender do paciente, tem fatores que desencadeiam a obstrução, como o consumo de alguns alimentos. Mas é algo relativo, depende muito de cada pessoa", afirma.
Ainda de acordo com o especialista, a recuperação pode durar alguns dias, entre uma semana e 10 dias, tempo que pode ser ainda maior caso haja necessidade de intervenção cirúrgica.
Novo boletim, divulgado no início da tarde desta quinta-feira (15), aponta que Bolsonaro apresentou melhora e está "evoluindo de forma satisfatória clínica e laboratorialmente", mas não há uma previsão de alta.
O presidente se trata em São Paulo, após ter sido transferido para a capital paulista ainda na quarta-feira. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou que a necessidade de cirurgia não está descartada.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta