A ONG Transparência Capixaba emitiu um comunicado nesta quinta-feira (15) pedindo para que a homenagem concedida ao ex-deputado estadual José Carlos Gratz, durante sessão solene que marcou os 190 anos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), seja cancelada. O evento aconteceu na segunda-feira (12) e homenageou 76 ex-deputados do Legislativo estadual.
No documento, a Transparência afirma que a homenagem a Gratz, que presidiu a Ales por três mandatos seguidos, de 1997 até 2002, atinge os "poderes e órgãos que juntos com a sociedade capixaba, lutaram contra o referido 'homenageado' e tudo o que ele representava na pior fase da história de nosso Estado".
Com a vida pública envolta em polêmicas, Gratz responde a vários processos na Justiça, além de já ter sido preso em algumas oportunidades. O ex-deputado é acusado de comandar o crime organizado no Estado durante os anos em que atuou como parlamentar. A sua passagem pela Ales, inclusive, é conhecida como "a era Gratz", devido a sua influência na política e na sociedade local nesse período.
Ao conversar com a reportagem de A Gazeta na tarde desta quinta-feira (15), a presidente da Transparência Capixaba, Adila Damiani, reforçou o que é apontado no comunicado e disse que o manifesto contra a homenagem a Gratz, durante a sessão da Ales que também envolveu outros ex-parlamentares, tem a ver com o fato de o ex-deputado ter contribuído para o cenário de criminalidade e corrupção vivenciado pelo Estado durante o tempo em que ele esteve à frente do Legislativo estadual.
"Não estamos contestando a sessão que celebrou os 190 anos da Assembleia Legislativa, nem os demais ex-deputados que foram homenageados. A questão é que as organizações, entre elas a Transparência Capixaba, que se juntaram para tirar o Estado daquela situação ficam constrangidos", frisa Adila.
Adila ainda acrescenta que a Ales, em seu entendimento, deveria discutir e implementar algum dispositivo legal que impeça o que ela chama de "saia-justa". "A legislação permite que isso (a sessão que o homenageou os ex-deputados) aconteça, mas é um fato que a Assembleia precisa refletir sobre como proceder nesses casos", afirma.
A Assembleia Legislativa repercutiu o manifesto da Transparência Capixaba por meio de sua secretaria de comunicação. Por nota, a Casa, sem citar especificamente a homenagem entregue a Gratz, destacou que a defesa da democracia tem sido uma das prioridades do atual presidente do Legislativo estadual, o deputado Marcelo Santos (União), e que a sessão de segunda-feira (12) celebrou a representação do voto popular.
"O que foi celebrado, na ocasião, foi a representação popular e o voto democrático que elegeram as composições de cada legislatura, celebrando a democracia vivenciada em nosso país. Não nos cabe, portanto, censurar, reescrever ou apagar a história. A nós, cabe contar a história dos últimos 190 anos. À Justiça, o julgamento", diz a nota da Ales.
Gratz foi procurado para comentar o posicionamento da ONG, via mensagem de texto e ligações telefônicas, mas não retornou os contatos da reportagem até o fechamento deste texto.
Estiveram presentes na sessão solene o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB); o presidente do Tribunal de Justiça, Samuel Meira Brasil Júnior; o vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB); o presidente do Tribunal de Contas, Domingos Taufner; o procurador-geral de Justiça, Francisco Berdeal; o defensor público-geral, Vinicius Chaves; e a subprocuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade.
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