A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Tempus Veritatis para apurar a existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, visando a obter vantagem de natureza política com a manutenção de Jair Bolsonaro no poder. O ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados são os alvos da investigação, como os ex-ministros general Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres. Ao todo, 16 militares estão no foco da atuação.
Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Ao todo, a PF cumpre quatro mandados de prisão preventiva. Entre os presos está o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. O militar já era investigado no caso da fraude ao cartão de vacinação do ex-presidente. Outro detido é Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. Também é alvo de mandado de prisão Rafael Martins.
O quarto alvo de detenção é Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército, que está nos Estados Unidos. O mandado de prisão será enviado ao Exército para que notifique o militar.
Tércio Arnaud, assessor de Bolsonaro, é alvo de busca e teve o passaporte apreendido.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais. Além das prisões e buscas, a PF também cumpre medidas diversas como a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas."
Valdemar Costa Neto, presidente do PL
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército
Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha
Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos responsáveis do chamado "gabinete do ódio"
Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro
Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro
Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército
Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército
Ailton Gonçalves Moraes Barros, militar paraquedista
Amauri Feres Saad, advogado, teria ajudado a preparar a minuta golpista encontrada com Anderson Torres
Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército, morador de Colatina
Cleverson Ney Magalhães, coronel do exército
Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário
Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército
José Eduardo de Oliveira e Silva
Laércio Vergílio
Mario Fernandes
Ronald Ferreira de Araújo Júnior
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército
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