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Operação Naufrágio: desembargador é afastado e TJES escolhe substituta

Operação Naufrágio: desembargador é afastado e TJES escolhe substituta

Marianne Júdice de Mattos, que é a atual presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages), foi escolhida para substituir desembargador Robson Albanez

Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 16:18

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Juíza Marianne Júdice de Mattos será a presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages)
Juíza Marianne Júdice de Mattos foi escolhida para substituir desembargador afastado. (Assessoria de Comunicação/TJES)

Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) afastou, nesta quinta-feira (9), o desembargador Robson Luiz Albanez do cargo. A medida cumpre determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, no dia 1 de dezembro, tornou o desembargador réu em um ação penal por corrupção.

Albanez é investigado no âmbito da Operação Naufrágio, deflagrada em 2008. A operação revelou a existência de um suposto esquema de venda de sentenças, controle de cartórios e interferência em concursos públicos que teria participação de desembargadores, juízes, advogados e empresários.  Ao todo, 15 pessoas se tornaram réus no processo.

Na mesma sessão, o Pleno escolheu, à unanimidade, a juíza Marianne Júdice de Mattos para substituir Albanez. Ela é a atual presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages).

"Entendo que seria mais prudente indicar o juiz mais antigo e, salvo engano, o mais antigo seria a Doutora Marianne, e que, dentro de dois ou três meses, estará chegando ao tribunal por antiguidade", destacou o desembargador Adalto Tristão. O voto dele foi seguido por todos os desembargadores.

Juíza Marianne Júdice de Mattos

A juíza de Direito Marianne Júdice de Mattos é graduada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atuou na 7ª Vara Cível de Vitória e estava na 1ª Vara da Fazenda Pública de Vitória. Marianne é a atual presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages). Com a promoção dos juízes Julio Cesar Costa de Oliveira e Rachel Durão para desembargadores, a Marianne Júdice passa para o topo da lista dos juízes a serem promovidos ao cargo pelo critério de antiguidade. Ela tem 27 anos de magistratura.

Os processos que estavam sob responsabilidade de Albanez serão redistribuídos, entre eles um PAD que envolve os juízes Alexandre Farina e Carlos Gutmann, que são investigados no âmbito da Operação Alma Viva por uma suposta venda de sentença. O desembargador Wallace Kiffer foi sorteado o relator do caso. 

OPERAÇÃO NAUFRÁGIO

A Operação Naufrágio, deflagrada em 2008, é um dos maiores escândalos do Judiciário capixaba. Em dezembro daquele ano, policiais federais bateram à porta do TJES para cumprir mandados de busca e apreensão. O Ministério Público investigava um suposto esquema de corrupção que envolvia venda de sentenças, controle e loteamento de cartórios e interferência em concursos públicos. 

No dia da Operação, oito pessoas foram presas, uma delas era o então presidente do TJES, Frederico Pimentel, que morreu no ano passado. 

Em fevereiro de 2010, o Ministério Público apresentou denúncia contra 26 pessoas, mas o caso demorou tanto a ser recebido pela Justiça, que só foi possível analisar a possibilidade de punição para 15 denunciados. 

Os outros 11 não tiveram a denúncia aceita ou porque já morreram ou porque os crimes já prescreveram.

Os 15 réus da Operação Naufrágio

Desembargador Robson Albanez - corrupção
Adriano Scopel - corrupção ativa
Pedro Scopel - corrupção ativa
Bárbara Pignaton Sarcinelli - corrupção passiva
Larissa Pignaton Sarcinelli Pimentel - corrupção passiva
Frederico Luis Schaider Pimentel - corrupção passiva
Larissa Schaider Pimentel Cortes - corrupção passiva
Roberta Schaider Pimentel Cortes - corrupção passiva
Dione Schaider Pimentel Arruda - corrupção passiva
Henrique Rocha Martins Arruda - corrupção passiva
Paulo Guerra Duque - corrupção passiva
Leandro Sá Fortes - corrupção passiva
Gilson Letaif Mansur Filho - corrupção ativa
Felipe Sardenberg Machado- corrupção ativa
Johnny Estefano Ramos Lievori - corrupção ativa

Decisão do STJ

O OUTRO LADO

Por meio de nota, os advogados Marco Antônio Gama Barreto e Henrique Zumak, que fazem a defesa de Pedro e Adriano Scopel, afirmam que "discordam, respeitosamente, da decisão do Superior Tribunal de Justiça, em especial quanto à ausência de desmembramento do processo, que, inclusive, havia sido requerido, por três vezes, e por escrito, pelo próprio Ministério Público". E reforçam: "O recebimento de uma denúncia significa apenas que foi aberto um processo para apurar a ocorrência ou não de determinada conduta, não consistindo em juízo condenatório ou de culpabilidade". 

A defesa afirmou que "a inocência de Pedro e Adriano será cabalmente demonstrada durante o curso da instrução processual, na qual, ao contrário do que ocorreu na fase de inquérito, será possível exercer o direito ao contraditório e a ampla defesa". 

O advogado Jonatan Schaider, que faz a defesa de Dione Schaider Pimentel afirmou que não se surpreendeu com o recebimento da denúncia, "já que o caso é muita repercussão e grande clamor social". "Em casos assim, acabam agindo os julgadores em sua maioria agindo com a cautela punitivista, ao contrário do que manifesta a Constituição Federal", destacou o advogado, que acredita na absolvição de Dione Pimentel. 

"Na sessão, foram trazidos ao julgamento pontos de grande relevância processual, como nulidades, prescrições e até suspeições. Superada essa etapa do recebimento, se preparara a defesa para instrução processual, na certeza de que ao fim será reconhecida a absolvição". 

Os advogados Aluisio Ludgreen Correa e Carlos Guilherme Pagiola, que fazem a defesa de Bárbara Sarcinelli, afirmaram ter recebido com serenidade a decisão e que confiam na total absolvição. "Até porquê, das 5 acusações iniciais, 4 foram arquivadas e a que remanesceu, Bárbara já foi absolvida pelo próprio TJES em sede de processo administrativo disciplinar, ocasião em que reiterará esse absolvido diante do STJ, e ficará consolidada sua inocência", declarou. 

O advogado Valter Xavier, que faz a defesa da juíza Larissa Sarcinelli Pimentel, preferiu não se manifestar sobre o caso. 

A advogada Fernanda de Carvalho, que faz a defesa de Gilson Mansur, disse que não iria comentar a decisão. 

O advogado Arildo Marques, que faz a defesa de Johnny Estefano Lievori, foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou. 

O advogado Raphael Câmara, responsável pela defesa do desembargador Robson Albanez, também não se manifestou quando procurado. 

O advogado Cláudio Oraindi, responsável pela defesa de Felipe Sardenberg, também não se manifestou. 

A Gazeta não conseguiu contato com as outras defesas. Se houver manifestação, o texto será atualizado.

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O que é corrupção ativa e corrupção passiva

Os 15 réus vão responder pelo crime de corrupção. Alguns por corrupção ativa e outros por corrupção passiva. A corrupção ativa é quando a pessoa oferece uma compensação ilícita, ou seja, uma propina, a um agente público para ser beneficiada. Já a corrupção passiva é quando a pessoa recebe essa compensação.

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