Com a aproximação das eleições deste ano, a lista de pré-candidatos a prefeitos nas cidades da Grande Vitória não para de crescer. E eles terão um desafio em comum: disputar contra os atuais ocupantes do cargo — que podem (e devem) tentar a reeleição.
Lorenzo Pazolini (Republicanos), em Vitória; Arnaldinho Borgo (Podemos), em Vila Velha; Sérgio Vidigal (PDT), na Serra; e Euclério Sampaio (MDB), em Cariacica, têm gestões bem avaliadas, praticamente sem oposição nas câmaras municipais e, com exceção de Pazolini, têm apoio aberto do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).
Além disso, como todos os que buscam disputar a eleição enquanto ainda sentados na cadeira de prefeito, os atuais prefeitos têm a máquina pública na mão. Podem capitalizar com investimentos, eventos e inaugurações durante o mandato, que ficam na memória dos eleitores.
“Eles já vão para a reeleição na pole position”, descreve o cientista político Antônio Carlos de Medeiros. Ele avalia que, para os adversários, o desafio será levar a disputa para o segundo turno, cenário mais provável de acontecer em Vitória e na Serra.
“No caso da Serra, tem um candidato que pode ser surpresa que é o Muribeca (deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), dado como pré-candidato à prefeitura da Serra). Já em Vitória, se as candidaturas contrárias ao Pazolini forem várias, que é o que está se desenhando, haverá várias candidaturas de oposição ao prefeito, um ‘todos contra um’ que pode levar a eleição para o segundo turno”, explica. Até o momento, há pelo menos sete pré-candidatos à Prefeitura de Vitória.
O também cientista político Rodrigo Prando aponta que, via de regra, vencer uma eleição estando no cargo é uma grande vantagem. Isso porque o prefeito não vai para a batalha sozinho: tem um exército de secretários municipais e servidores comissionados, que querem manter seus cargos.
“Esses secretários de Educação, Cultura, Saúde têm uma capilaridade dentro do município e ligação com os partidos políticos, sejam do próprio prefeito, sejam aqueles que estão coligados, que são partidos no mesmo campo político-ideológico e eles trabalharão incansavelmente pela reeleição do prefeito”, diz.
Apesar de todas as vantagens competitivas dos prefeitos que tentam a reeleição, nem tudo está perdido para os adversários. Ainda que os chefes do Executivo municipal sejam bem avaliados de modo geral pela população, há sempre áreas mais sensíveis daquela cidade, problemas que ainda precisam ser resolvidos, parcelas insatisfeitas da população, destaca o especialista.
E são essas fraquezas que os demais candidatos precisam explorar para ter uma chance de vencer a eleição, ou, pelo menos, levar o pleito para o segundo turno.
Para Antônio Carlos de Medeiros, na Grande Vitória, os prefeitos com menos brechas na armadura são Arnaldinho e Euclério.
O primeiro, apesar de ser por vezes criticado por suas ações “marketeiras” na divulgação das ações da prefeitura, tem tido apoio da população principalmente por conta das obras que promove na cidade — muitas com financiamento do governo de Casagrande. Nas eleições de 2022, emplacou o vice, Victor Linhalis (Podemos), como deputado federal, desbancando os ex-prefeitos canela-verdes Max Filho (PSDB) e Neucimar Fraga (PP).
Já Euclério está fortalecido do ponto de vista político já que conseguiu reunir gregos e troianos em torno de sua administração. Por exemplo, a maior parte dos 13 candidatos que concorreram contra ele em 2020 hoje apoia o prefeito de Cariacica.
Neste ano, ele já reuniu apoio de muitos partidos como PSB, Republicanos, PP, PDT, Podemos, MDB, Cidadania e Solidariedade.
Já Pazolini e Vidigal precisam ficar de olhos abertos para os adversários, segundo análise do cientista político.
O prefeito de Vitória, de acordo com Medeiros, tem a gestão bem avaliada, mas também tem uma rejeição considerável. Além disso, ele vai disputar a vaga contra diversos candidatos, o que pode pulverizar os votos e levar o pleito para o segundo turno.
Já na Serra, o especialista menciona um “cansaço” da população do revezamento entre Vidigal e Audifax à frente da administração municipal. Os dois se alternam na cadeira de prefeito há 27 anos e é esperado que Audifax concorra novamente neste ano.
E é nessa insatisfação que outros candidatos, que nunca foram prefeitos da cidade, podem capitalizar.
“Se você tem um candidato que está concorrendo com um prefeito que tem uma boa avaliação, mas, porventura, já tem uma imagem desgastada, já tenha muito tempo no poder naquele município, alguém que consiga trazer à tona o sentimento de mudança, um sentimento de renovação, a depender do seu marketing político-eleitoral, pode pôr em risco a reeleição do prefeito”, diz Prando.
Outro ponto importante em favor dos adversários dos atuais prefeitos é que, atualmente, as eleições têm sido bastante influenciadas pelas campanhas nas redes sociais. Como visto em outros pleitos, candidatos desconhecidos ou até de fora do meio político conseguiram se eleger usando lives, postagens e mobilizando os eleitores através das plataformas.
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