O deputado federal Evair de Melo (PP) e o senador Marcos do Val (Podemos) visitaram os extremistas que estão detidos na Academia da Polícia Federal (PF) após terem participado dos atos terroristas em Brasília no último domingo (8) . O senador incitou os bolsonaristas a usarem os celulares para documentar os momentos no local, enquanto o deputado se referiu ao espaço como “campo de concentração”, em discurso no Plenário da Câmara.
Evair visitou a sede da Polícia Federal do Distrito Federal na manhã desta terça-feira (10) e, em vídeo divulgado nas suas redes sociais, disse que conversou com pessoas do Brasil inteiro, visitou as salas de inspeção de homens e mulheres, o ginásio, as pessoas que estão em barracas, o departamento médico e acompanhou a logística de alimentação.
O deputado era um dos líderes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara dos Deputados e afirmou ter se reunido com a diretoria da PF e recebido da corporação a garantia de que até o final do dia todas as pessoas que passassem pela triagem seriam encaminhadas aos presídios ou liberadas.
“Fiz uma vistoria em campo das pessoas. As imagens vou guardar. Não vou explorar isso e fazer sensacionalismo. Vou guardar esse material para usar nos processos que nós vamos abrir”, avisou Evair.
O tom foi bem diferente do usado pelo parlamentar em discurso proferido no Plenário da Câmara, na noite de segunda-feira (9). Ele atacou o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), e usou o termo “campo de concentração” para se referir ao local para onde foram levados os golpistas que participaram dos ataques às sedes dos Três Poderes.
“É vergonhoso. Isso, sim, vai manchar a nossa história. Tem relato de pessoas passando mal e de crianças passando fome. O Brasil nesse momento tem um ‘campo de concentração’ sob a responsabilidade do ministro da Justiça”, discursou.
Ele pediu ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a instalação de uma comissão para acompanhar as prisões e detenções ocorridas desde domingo (8). Outros parlamentares bolsonaristas, incluindo um grupo do PL, também fizeram pedido similar.
Evair ainda anunciou nas suas redes sociais o envio de ofícios ao ministro da Justiça, ao diretor-geral da PF, Andrei Augusto, aos ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT), da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, e da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques, cobrando informações sobre as mais de 1.200 pessoas detidas a partir de domingo (8).
“Inadmissível a situação de cerceamento da liberdade das cerca de 1.200 pessoas que, sem qualquer processo legal, por ordem de Alexandre de Moraes, encontram-se ‘detidas’ dentro do ginásio da Academia da Polícia Federal em Brasília em uma situação desumana”, postou.
Outro parlamentar bolsonarista do Espírito Santo que esteve no ginásio da Academia da PF na manhã desta terça-feira (10) foi o senador Marcos do Val. Ele fez transmissão ao vivo no seu perfil no Instagram em meio aos terroristas detidos e os incentivou a usarem os celulares para mostrarem a situação em que estão.
Nas redes sociais, ele postou que esteve no local para verificar as condições em que os detidos estão, pois havia recebido “uma onda de mensagens e vídeos terríveis”, o que o havia deixado “muito consternado com a situação, quando vi aquela multidão aglomerada, gritando por liberdade”.
No dia seguinte aos ataques dos golpistas em Brasília, Do Val havia dito que “não foi manifestação, foi um atentado à democracia” e repudiou o ato terrorista.
Ao postar sobre a visita ao ginásio, onde foi cercado pelos terroristas detidos, disse que não estava lá “para passar pano na situação”, que ele considera inadmissível. Contudo, garantiu que vai lutar por quem estava em frente a Quartel do Exército de forma pacífica e ponderou que eles não teriam que estar detidos. “Quem tem que receber punição é quem praticou vandalismo”, defendeu.
Embora tenham reclamado das condições em que estão, os bolsonaristas detidos mantêm acesso livre aos celulares e muitos deles têm utilizado os aparelhos para divulgar vídeos e fotos em suas redes sociais.
O senador informou na postagem que não houve nenhuma morte no local e que todos os idosos e crianças foram levados para a rodoviária. Mas, assim como Evair, usou o termo "campo de concentração" para se referir ao ginásio, que "já está sendo esvaziado". "A PF disponibilizou uma sala para a Defensoria Pública e outra para os advogados, voluntários e etc. A questão é que ainda há ansiedade e medo de serem presos, muitos injustamente — ressalto”.
Marcos do Val também aproveitou suas redes sociais e também discursou no Plenário do Senado cobrando informações do ministro da Justiça. Ele alegou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Flávio Dino sabiam que os ataques terroristas ocorreriam e que o governo não agiu para impedi-los, sem que haja qualquer comprovação das alegações.
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