O Partido Socialista Brasileiro (PSB), do governador Renato Casagrande, foi o que mais conquistou novas prefeituras entre as eleições de 2020 e 2024, mantendo-se como a legenda com o maior número de municípios sob seu controle a partir de 2025. Há quatro anos, a sigla havia elegido 13 prefeitos e na eleição deste ano esse número cresceu para 22.
Em 2020, o PSB conseguiu emplacar a maioria de seus candidatos na Região Sul do Espírito Santo.
Nas eleições deste ano, foi possível ver uma “onda amarela” no Norte e Noroeste do Estado, regiões onde o partido elegeu prefeitos em 10 municípios. A legenda ainda manteve sua influência nas regiões Sul e Serrana e conseguiu emplacar nomes em 12 prefeituras.
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O professor João Paulo dos Santos de Souza, mestre em História Social das Relações Políticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), relaciona o crescimento do PSB à capilaridade de Casagrande no Estado, a capacidade do governador de dialogar com vários campos políticos, ideológicos e sociais. “Seu trânsito é o melhor possível, no momento”, afirma.
“É interessante observar, sobretudo, a forma como Casagrande venceu Manato no segundo turno de 2022. Houve uma estratégia bem municipalista na Grande Vitória, mas nas regiões Norte e Sul, grosseiramente, o nome do governador podia ser associado tanto a Lula (PT) quanto a Jair Bolsonaro (PL), demostrando a capilaridade que ele tem nas prefeituras interioranas”, completa.
João Paulo dos Santos de Souza avalia ainda que o PSB está longe de ser associado no Estado “única e estritamente ao campo político à esquerda”.
O mestre em história cita ainda o bom momento do partido nacionalmente. “O PSB aumentou cerca de 20% o seu número de prefeitos e, também, vereadores, tornando, segundo eles mesmos, o partido mais vencedor 'no campo da esquerda' no Brasil”, diz o professor.
“Pelo que se vê no comparativo dos municípios capixabas, entre os pleitos de 2020 e 2024, o crescimento da representatividade do partido tem, claro, o reflexo do bom momento em que vivem nacionalmente, porém o Governo Casagrande por certo possui a maior parte dos méritos, por aqui”, completa.
O segundo partido no comando de mais prefeituras é o Progressistas (PP), presidido no Estado pelo deputado federal Da Vitória, e que tem em seus quadros, por exemplo, Cris Samorini — eleita vice-prefeita de Lorenzo Pazolini (Republicanos) — e o também o deputado federal Evair de Melo.
O PP elegeu 7 prefeitos em 2020 e a partir de 2025 estará no comando de 12 prefeituras. Em terceiro aparece o Podemos, com 11 prefeitos eleitos no pleito deste ano.
“PP e Podemos são partidos que consolidaram nacionalmente as suas agendas ao centro, caracterizadas, respectivamente, pelo pragmatismo e por uma imagem de gestão mais “técnica” do que “política”. Entre essa caricatura e o resultado eleitoral, os dois partidos conseguiram aliar essas duas características, a meu ver, colhendo bons frutos, haja vista a vitória acachapante de Arnaldinho Borgo em Vila Velha”, afirma João Paulo dos Santos de Souza.
Dos 50 candidatos a prefeito lançados nas eleições deste ano, o PL conseguiu eleger apenas 5. Na avaliação do professor, isso mostra que o partido não conquistou ainda uma maturação em sua fase bolsonarista, de modo a conquistar prefeituras só pela cara do partido.
“Ganhar pela cara do Bolsonaro também não tem sido exclusividade deles, tamanho o sofrimento que tiveram com candidaturas de outras legendas da direita e de centro, que quiseram se vincular ao rosto de Bolsonaro. Por certo, Pablo Muribeca (Republicanos) colheu parte do eleitorado bolsonarista, quase da mesma maneira que em São Paulo, com Pablo Marçal (PRTB)”, destaca João Paulo dos Santos de Souza.
“Isso me leva a falar do resultado 'flopado' do partido de Valdemar Costa Neto, não só aqui, mas no país todo, ao insuflar de candidaturas, as quais não obtiveram vitórias certeiras. Esse fato deve servir de alerta para eles, ainda que eles tenham se saído melhor do que o PT aqui e nacionalmente. Ainda que eles tenham relevante presença no segundo turno de vários municípios importantes pelo país”, avalia.
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