A possibilidade de as eleições municipais serem adiadas por causa da pandemia do novo coronavírus agrada os líderes dos principais partidos políticos do Espírito Santo. A medida é estudada pela Câmara e pelo Senado, que vão criar, nos próximos dias, um grupo para discutir os rumos do pleito eleitoral. A maioria das lideranças, contudo, é a favor de que a disputa aconteça ainda este ano, para que não haja prorrogação de mandatos.
Apesar do avanço da Covid-19 no país ter impactado na realização de diversos eventos, a alteração da data das eleições municipais não era, até o momento, foco das discussões. O primeiro turno está marcado para o dia 4 de outubro, já o segundo, para o dia 25 do mesmo mês.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) chegou a considerar equivocada a ideia de adiar as eleições, defendendo que o país deveria se concentrar no combate ao coronavírus. Contudo, na tarde desta terça-feira (19), ele disse que o Congresso vai se reunir para analisar o calendário eleitoral e admitiu que deve votar a favor do adiamento das eleições, mas sem prorrogação de mandatos.
Uma das propostas que já circula entre os parlamentares é a de adiar o primeiro turno das eleições para 15 de novembro e deixar a segunda rodada para o início de dezembro. O representante do DEM no Estado, Theodorico Ferraço, acredita que esta seja uma das melhores opções para evitar que a disputa aconteça no ano que vem, o que para ele seria antidemocrático.
A opinião é compartilhada pelo líder do PSL, o deputado estadual Alexandre Quintino. Ele defende que as eleições sejam adiadas por dois meses para dar mais tempo aos candidatos nas campanhas e também segurança aos eleitores na hora de votar.
Para a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, e o presidente do Cidadania, deputado estadual Fabrício Gandini, o adiamento do pleito eleitoral deve acontecer para que os esforços se concentrem no combate à pandemia.
Líder do PSDB no Estado, o deputado Vandinho Leite concorda que o foco deve ser o enfrentamento ao coronavírus, mas acredita que ainda não é o momento para discutir a disputa municipal.
Defendendo que as eleições sejam adiadas, os presidentes do PSB, Alberto Gavini, e do PDT, deputado federal Sergio Vidigal, são favoráveis à unificação do pleito deste ano ao de 2022, em que estarão em disputa os cargos de presidente da República e deputado federal, entre outros, mas admitem que esse cenário não seria adequado.
Em 2020 a corrida é por vagas de prefeito e vereador.
Veja como se posicionam os representantes dos partidos no Estado:
O PSB entende a necessidade de fazer uma alteração no processo eleitoral, não tem como desenvolver uma estratégia política em tão pouco tempo. Estamos acostumados com contato humano, é fundamental ganhar esse tempo para que possamos desenvolver as campanhas sem dificuldade. A minha opinião, que coincide com boa parte do partido, é a favor de que todas as eleições acontecessem no mesmo ano. A cada dois anos temos um processo eleitoral. Isso reduziria custos ao país. Mas é claro que precisamos pensar na questão democrática, opina o presidente do PSB, Alberto Gavini.
"Nossa prioridade deve ser a vida nesse momento, uma eleição agora só atrapalhará o ambiente estável que precisamos para o enfrentamento da pandemia. Concordo com toda decisão que coloque o foco central no enfrentamento da pandemia. Acho que deve ser adiado, inicialmente para esse ano, e ser reavaliado daqui três meses", defende o deputado estadual e presidente do Cidadania, Fabrício Gandini.
"O adiamento das eleições precisa ser debatido e já vem sendo sinalizado pelo STF que essa possibilidade não está descartada. Estamos diante de uma pandemia , e vidas precisam ser preservadas, não estamos diante de uma "gripezinha". Espero que o Congresso e o STF encontrem saídas eficazes para a crise política, econômica que aprofunda a cada dia mais as desigualdades que já existiam. Neste sentido as eleições são muito importantes, mas evitar a possibilidade de contágio é uma responsabilidade de todos", declara a presidente do PT, Jackeline Rocha.
"Entendo que o adiamento ou não das eleições 2020 depende de um parecer dos órgãos responsáveis pelas medidas sanitárias e de controle da pandemia. Na minha opinião, discutir esse tema agora e sem um parecer da saúde é perda de tempo. O momento atual pede discussões no sentido de salvar vidas", opina o deputado estadual e presidente do PSDB, Vandinho Leite.
"O que direciona uma chapa partidária para disputar uma eleição são os resultados advindos de convenções. A força do candidato nas convenções será resultado de outras reuniões que ele fez no seio de sua comunidade durante sua pré candidatura. Não dá para fazer convenção por videoconferência. Dessa forma, meu entendimento é pelo adiamento em pelo menos dois meses as eleições municipais", defende o deputado estadual e presidente do PSL, capitão Quintino.
"Comungo com a proposta de realizar o primeiro turno em novembro e 15 dias depois o segundo turno. Concordo com o adiamento desde que ele não passe de dezembro e os atuais prefeitos fiquem além do tempo pelo qual foram eleitos para exercer o cargo. A prorrogação dos mandatos é inconstitucional", declara o representante do DEM, Theodorico Ferraço.
"Sou contrário à prorrogação dos mandatos porque o eleitor, quando votou, foi para um mandato de 4 anos. Eu sou até a favor de candidaturas casadas, mas não nesse momento. A pandemia não me parece estar muito próxima do fim, então a alternativa seria o adiamento da eleição, mas que não passe deste ano. Com isso os eleitores ganhariam mais tempo para conhecer as propostas dos candidatos com segurança, os debates seriam realizados, tudo em um novo calendário, mais próximo do fim do ano", opina o deputado federal Sergio Vidigal, presidente do PDT.
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