A dois dias das eleições, uma parte dos candidatos que disputam o pleito deste ano ainda não recebeu dinheiro do partido pelo qual concorrem. Entre os 600 candidatos aos cargos de governador, senador, deputado estadual e deputado federal no Espírito Santo que já prestaram contas à Justiça Eleitoral, 112 não receberam valores da legenda, o que corresponde a 18% dos postulantes.
Os números correspondem a dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que constam a origem da receita das campanhas. Mas, como a base está em constante atualização, eles podem mudar até o próximo domingo (2), dia das eleições. Os 18% apurados não declararam ter recebido recurso do próprio partido.
Outras opções de origem de receita que constam no Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) são de financiamento coletivo, de outros candidatos, de pessoas físicas, de recursos próprios, de rendimentos de aplicações financeiras e até origens não identificadas.
Os 488 candidatos que receberam recurso do partido ao qual são filiados tiveram em caixa de R$ 436 a R$ 3.969.237 para utilizar na campanha eleitoral. No total, o repasse das legendas a candidatos no Espírito Santo foi de R$ 108 milhões.
Entre os que não receberam dinheiro do partido estão dois candidatos ao governo do Estado: Aridelmo Teixeira, filiado ao Novo, e Cláudio Paiva, do PRTB.
Mas a maior parte dos candidatos sem dinheiro do partido são do Republicanos e do PSDB. O Republicanos deixou 30 candidatos sem montante, enquanto o PSDB não fez repasse a 19. O PMB deixou de financiar 14 candidatos.
A cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart explica a importância das regras de financiamento e a relação dos candidatos com seus partidos.
Segundo ela, depois da proibição dos financiamentos de campanha por empresas e definição da fonte pública como o fundo partidário e fundo eleitoral de campanha, os candidatos passaram a depender dos líderes partidários e das elites políticas para conseguir obter qualquer tipo de recurso.
Dessa forma, não foram definidas regras para distribuição dos recursos. Só há determinação para que os partidos destinem obrigatoriamente verba para as candidaturas afirmativas de mulheres e negros. Nesse caso, o valor repassado deve ser proporcional à quantidade desses candidatos, em relação ao total da chapa A professora explica que o objetivo é não só lançar esses candidatos, mas também apostar neles.
“Isso aumenta a importância da relação com as elites do partido porque são elas que vão receber o dinheiro e distribuir entre os candidatos. Exceto para os que são muito bem votados e podem se tornar puxadores de votos. Ao investir na candidatura dessas pessoas, o partido pode acabar elegendo mais gente”, detalha.
Segundo Oziel Andrade, vice-presidente do PSDB, os recursos do partido foram enviados aos candidatos a deputado federal, que, por sua vez, teriam repassado uma parte do dinheiro a postulantes a outros cargos, como o de deputado estadual. “O PSDB, assim como os demais partidos, priorizou o financiamento de candidaturas para deputado federal. Os recursos vieram para essas candidaturas que, por sua vez, orientadas pela direção, priorizaram os candidatos do partido nas parcerias de campanhas casadas”, explicou.
O presidente estadual do Republicanos, Roberto Carneiro, informou que o repasse dos recursos do fundo partidário foi efetuado pela Executiva Nacional da legenda, que optou por direcionar a verba para os candidatos a deputado federal, em todo o Brasil. Ele disse que a Executiva Estadual não recebeu recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Paulo Borges, presidente do PMB, explicou que não foi feito repasse a 14 candidatos porque o partido não recebeu dinheiro da direção nacional da legenda. Borges destacou que, como não foi possível formar uma chapa com candidatos à Câmara Federal – que tem sido a prioridade dos partidos –, a legenda acabou sem recursos.
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