Atento à condução que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito diante da crise de saúde provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), o ex-governador Paulo Hartung (sem partido) avalia que a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça é mais um componente de uma gestão "desarranjada", permeada pela disputa política. Para ele, este não é o momento de se pensar nas eleições de 2022.
"Tudo o que é ruim, agora, é ter luta política, briga de vaidades, intrigas. Uma crise de tal magnitude que estamos vivenciando na saúde, não é hora de pensar em 2022. É preciso gastar energia boa para que todos os atores e todas as lideranças do nosso país sentem à mesa para, juntos, enfrentar o desafio da pandemia", ressalta Hartung.
Na opinião de Hartung, a saída de Sergio Moro se insere em uma sequência de desarranjos da administração de Bolsonaro, mas o ex-governador destaca que seu posicionamento é mais uma tentativa de alerta para ver se "a ficha vai cair" no governo federal.
"Já se teorizou para fazer a união do Parlamento com a Justiça para o enfrentamento da crise, mas isso não é possível. O governo federal precisa assumir a liderança. Se o presidente Jair Bolsonaro não se sentir vocacionado, pode delegar alguém para cumprir a missão. É importante montar um grupo de elite técnico, com a academia, com a ciência, para vencer esse desafio", argumenta.
Questionado sobre Moro, cuja exoneração foi o fato que mais mobilizou o cenário político e econômico durante toda a sexta-feira (24), Hartung fez questão de ressaltar, a todo instante, que a crise no governo federal é anterior, devido à pandemia.
O ex-governador observa que a doença chegou ao Brasil encontrando duas fragilidades. A primeira, uma situação econômica e social delicada, com 12 milhões de desempregados e o país muito endividado. "E o Estado brasileiro produziu uma segunda fragilidade: o vazio de liderança, descoordenação muito grave, falta de diálogo preocupante entre o Executivo nacional, Parlamento e Supremo, e também com os governos estaduais e municipais, e em relação à própria sociedade."
Ele frisa que toda crise tem começo, meio e fim, e o governo federal precisa saber o Brasil que quer ter quando a pandemia passar: um país de joelhos, ou de pé e capaz de prover as necessidades da população. O momento, diz Hartung, é de o governo federal assumir o seu papel porque não há lugar para atitude pequena.
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