O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), reagiu às criticas que recebeu por ter se encontrado com o ex-juiz e pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o governador afirmou que os petistas que o criticaram pelo gesto agem com ignorância e como "guardiões da pureza ideológica". Casagrande diz ter ficado assustado com o autoritarismo "de algumas pessoas" após a conversa com o pré-candidato do Podemos ao Planalto.
O encontro entre o governador do Espírito Santo e o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) aconteceu no último sábado (12) em meio a um impasse para a criação de uma federação entre PT e PSB. A união seria a principal base da apoio à candidatura de Lula (PT). O objetivo, porém, esbarra em algumas alianças estaduais, como a do Espírito Santo.
"Parece que algumas lideranças são guardiãs da pureza ideológica. Essa polarização, essa forma como estamos na política brasileira, isso está fazendo mal, está tóxico para quem faz política dialogando com quem pensa diferente", disse à Folha, se colocando também de forma contrária às federações.
Casagrande afirmou que recebeu Moro por um gesto de elegância, já que o Podemos faz parte da base aliada ao governo no Estado. O governador detalhou que só não participou da recepção de Bolsonaro no Estado porque não foi convidado.
Perguntado sobre sua posição em relação aos palanques nacionais, se apoiaria Lula ou Moro, que buscam a cadeira de presidente, Casagrande não declarou apoio.
Casagrande também foi questionado sobre a federação partidária entre o PSB e o PT, visando as eleições de outubro. À Folha, ele respondeu:
"Eu sou contra federação de um modo em geral. É um pedaço do passado que carregaram para o futuro. Se proibiu a coligação [para eleição de vereadores e deputados], não tinha que ter inventado a federação. Os partidos têm que ter a capacidade de se organizar, de eleger deputados estaduais e federais."
Faltando poucos meses para as eleições, o Partido dos Trabalhadores não anunciou oficialmente uma vinda de Lula ao Espírito Santo. A Folha perguntou ao governador se há alguma conversa com o líder petista nesse sentido.
"Não [conversei], mas na hora que ele vier aqui, se quiser conversar comigo, será uma alegria. Nós apoiamos o presidente Lula em todas as suas eleições. Então, a hora que ele vier, e se quiser dialogar conosco, vamos estar à disposição dele", diz.
O governador ainda foi perguntado sobre a filiação do senador Fabiano Contarato ao PT. O político capixaba entrou oficialmente no partido no mês de janeiro, com um evento remoto que contou com a participação de Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Questionado se a filiação foi recebida pelo chefe do Executivo estadual com certa reserva, diante da possibilidade de Contarato ser lançado na disputa estadual pelo PT, ele negou:
"Não, sem nenhuma reserva, recebi com naturalidade. O Contarato pode ser filiar aonde ele quiser. O PSB fez o convite a ele, o PDT fez o convite a ele, o PT fez, e ele fez a opção pelo PT. Eu liguei para ele e dei os parabéns. Não tem problema nenhum, zero de problema com isso. Pode [ser um adversário], mas ele tem total legitimidade para concorrer ao governo."
* Com informações da Folha de S.Paulo
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