Para além de curva na reta e de vidros belgas, o maior problema gerado na construção da sede da Petrobras na Reta da Penha foi a distribuição de dinheiro público em propinas e o sobrepreço em obra faraônica. Tudo veio à tona com a Operação Lava Jato e, até hoje, investigações paralelas seguem à espera de desfecho. Inaugurado em 2012, o prédio custa R$ 176 milhões por ano à companhia.
O prédio apareceu na Lava Jato em junho de 2015, na Erga Omnes, a 14ª fase da operação. A etapa marcou a prisão de executivos como Marcelo Odebrecht. A descoberta de pagamentos de vantagens durante a obra de Vitória ajudaram o então juiz federal Sergio Moro - atual ministro da Justiça -a embasar a ordem de prisão dos empresários.
A sede foi construída por um consórcio formado por Odebrecht, Camargo Corrêa e Hochtief. Mas a construção 2003, também foi conquistada por conta da organização das empresas em cartel. Cerca de R$ 10 milhões em propinas foram distribuídos, segundo as investigações, por meio de contratações de falsas empresas de consultoria.
CLUBE DE EMPREITEIROS
As revelações sobre cartel e propina apareceram em investigações da força-tarefa da Lava Jato e em colaborações premiadas de ex-executivos. A própria Odebrecht, em várias oportunidades, revelou que um clube de empreiteiros definia como as grandes obras seriam rateadas entre eles, sempre com aparência de concorrência legal.
A ação penal contra três pessoas apontadas como intermediárias e destinatárias das propinas aguarda sentença da Justiça Federal do Paraná desde o ano passado, conforme consta no andamento processual. Entre elas, um ex-gerente da obra. Ele era funcionário da Petrobras, mas acabou demitido por "justa causa".
> Responsável por construção da sede da Petrobras em Vitória é preso
Providências sobre desmandos na obra da sede de Vitória não foram tomadas apenas pela Justiça. A pedido do
, o
Tribunal de Contas da União (TCU)
abriu uma fiscalização. E concluiu que as coisas não andaram nada bem. Juntando sobrepreço, edital obscuro e financiamento desvantajoso,
o prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 819 milhões
.
Após as constatações, o tribunal determinou abertura de uma tomada de contas especial. Isso servirá para apontar os responsáveis pela má destinação dos recursos. O processo está em apuração no TCU.
Paralelamente, há, ainda, uma apuração do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A entidade está, especificamente, debruçada na investigação de cartel para obtenção do contrato da obra.
O processo de implantação da sede em Vitória começou ainda em 2003. O prédio, de 103 mil metros quadrados, foi inaugurado em 2012. Inicialmente, custaria R$ 90 milhões. Mas a construção foi contratada por R$ 486 milhões. Com aditivos, o preço final ficou em R$ 567,4 milhões.
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