Denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), aponta que um dos documentos que indica que a empresa da primeira-dama, Helena Witzel, atuava como receptora de propinas recebidas pelo governador foi encontrado na casa do capixaba Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro.
O documento é uma minuta de pedido de rescisão contratual entre o escritório de Helena e a empresa Quali Clínicas. A PGR afirma que há indícios de que a empresa pagava propina, pelo escritório de advocacia da primeira-dama, para Witzel, a fim de ter vantagens em contratos com o governo do Rio de Janeiro.
A busca na casa do capixaba ocorreu em 26 de maio, durante a Operação Placebo. O documento foi encontrado na bandeja de sua impressora e, segundo a denúncia, "ao que tudo indica foi elaborado por Lucas Tristão do Carmo, pessoa que, supostamente, nada teria a ver com o citado contrato".
Lucas Tristão, preso nesta sexta-feira (28), é apontado na investigação como homem de confiança do governador e intermediário dele com o empresário Mário Peixoto, um dos principais responsáveis por abastecer a caixa de propina do governo. Após as denúncias e a pressão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o capixaba acabou exonerado da secretaria que ocupava.
Tristão e Helena Witzel então Helena Brandão foram alunos de Witzel quando ele ministrava aulas de Direito em Vila Velha, entre 2005 e 2008, quando atuou como juiz no Espírito Santo.
Por meio do escritório da primeira-dama, foram firmados contratos com empresários que estariam envolvidos no suposto esquema de corrupção no governo do Rio.
Segundo o Ministério Público Federal, a primeira-dama recebeu R$ 554,2 mil entre 13 de agosto de 2019 e 19 de maio deste ano de quatro entidades de saúde "ligadas a membros da organização criminosa". Quatro empresas que realizaram o pagamento de serviços que não foram prestados foram identificadas, três delas ligadas ao empresário Mário Peixoto.
Durante as investigações, procuradores apontaram o recebimento de transferências no montante de R$ 225 mil da conta do escritório de Tristão, vindas das empresas de Mário Peixoto, denunciado por chefiar um esquema de corrupção na saúde do Rio e preso na operação Favorito. Peixoto e Tristão tinham uma relação de amizade e trabalho.
O capixaba negou ter favorecido o ex-cliente com contratos enquanto secretário do Rio de Janeiro.
A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a defesa de Tristão. Em maio, após a Operação Placebo, ao G1 ele informou que as quantias citadas (os R$ 225 mil), foram recebidas em 2018 por serviços prestados pelo escritório de advocacia dele e que parou de advogar assim que entrou no governo, em 2019.
A primeira-dama também não foi localizada. Ela alegou, em maio, que o escritório de advocacia prestou serviços para as empresas citadas e que foram emitidas notas fiscais, além da declaração dos valores no imposto de renda da firma.
Em pronunciamento após a operação, nesta sexta-feira, Witzel disse que a associação feita pela PGR é uma "criminalização da advocacia" e que não há nenhuma vantagem ilícita nos contratos da empresa de sua esposa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta