A Polícia Federal apreendeu documentos e computadores em uma casa da senadora Rose de Freitas (MDB), localizada em Vitória, nesta quarta-feira (12) e no apartamento funcional da parlamentar, em Brasília. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos como parte da Operação Corsários, que investiga uma organização criminosa que atuava na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), estatal federal que administra o Porto de Vitória e tem sede na Capital do Estado.
No momento do cumprimento dos mandados, Rose estava em Brasília e disse ter sido surpreendida com a ação da Polícia Federal. Já em Vitória, havia apenas um funcionário responsável pela limpeza da casa. As investigações apontam que a parlamentar capixaba indicava pessoas a serem nomeadas no órgão com a finalidade de desviar recursos públicos da área portuária.
Os mandados de prisão temporária e busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), já que há o indício de envolvimento da senadora, que tem prerrogativa de foro. Três pessoas foram presas.
No total, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos municípios de Vitória, Cariacica e Serra, no Espírito Santo, e em Brasília, no Distrito Federal, o sequestro de bens e valores, além da prisão em flagrante de um dos investigados pelo crime de porte ilegal de arma, em Brasília. Ele foi liberado após pagamento de fiança. O valor não foi divulgado.
Os dois alvos de mandados de prisão são um irmão da senadora, Edward Freitas, e um primo e assessor parlamentar dela, Ricardo Saiter.
De acordo com a Polícia Federal, os crimes teriam acontecido entre os anos de 2015 e 2018, com direcionamento de certames e desvio de recursos públicos dos contratos firmados com as prestadoras de serviços.
A investigação contou com a colaboração da atual gestão da Codesa, que, em auditoria realizada, estima que somente em dois dos contratos auditados a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões.
Para receber os recursos desviados, o grupo investigado utilizava um escritório de advocacia, responsável por simular a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores. As investigações revelaram ainda que a lavagem do dinheiro ilegal também ocorria por meio da compra de imóveis de luxo e do pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
A operação contou com a participação de 44 policiais federais. São investigados o cometimento de crimes de concussão, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, fraude a licitações e lavagem de capitais.
Por meio de nota, a senadora Rose de Freitas (MDB) afirmou que nunca cometeu "nenhum ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública". A parlamentar disse ter sido surpreendida pelos mandados de busca e apreensão e pelas prisões dos familiares.
Confira a nota completa enviada pela senadora:
Fui surpreendida hoje, às 9h, pelo mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, no meu apartamento funcional onde resido, em Brasília. Desconheço, até o momento, as razões do mandado e reafirmo não ter cometido qualquer ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública. Fui igualmente surpreendida pelas prisões de meu irmão e de meu assessor, realizadas no estado do Espírito Santo.
Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão. Identifico claramente uma tentativa de desabonar minha honra e dignidade. Não cederei a pressões de qualquer natureza, venham de onde vierem. Providências legais cabíveis estão sendo tomadas para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e apurados. Sempre exerci com coragem, ética e dedicado trabalho os mandatos que honradamente recebi do povo do Espírito Santo. Todos os demais esclarecimentos serão prestados pelos nossos advogados, que se pronunciarão oportunamente.
A Codesa também foi demanda para se posicionar sobre a operação, mas disse que as informações ficariam a cargo da Polícia Federal.
Com informações de André Falcão e Bruno Dalvi.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta