A Polícia Federal (PF) informou que, na última segunda-feira (16), o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), entregou à Superintendência no Espírito Santo "documentos contendo informações sobre a possível prática de crimes". A PF, entretanto, não esclarece qual o teor dessa denúncia e se o material tem relação com uma acusação feita no último sábado (14) pelo prefeito contra o governo estadual.
Segundo nota da PF, os documentos foram encaminhados à Corregedoria e "carecem de checagem aprofundada, motivo pelo qual não serão objeto de comentários". O órgão não detalha quais documentos seriam esses, em quais formatos foram disponibilizados, nem os possíveis crimes ou os nomes dos envolvidos.
Questionada pela reportagem de A Gazeta, a PF informou que os documentos foram encaminhados à Corregedoria pois cabe ao órgão fazer a análise do material para saber se é função da Polícia Federal apurar o caso e, em caso positivo, qual equipe fará a apuração. Além disso, esclareceu que o prefeito apenas disse haver nos documentos possível prática de crime, sem detalhar envolvidos.
O prazo para análise do material vai depender da complexidade dos documentos entregues, informou a PF, e não há prazo fixo para isso.
Conforme antecipado pelo colunista Leonel Ximenes, Pazolini esteve, na última segunda-feira (16), reunido com o superintendente da corporação no Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas. Ao ser questionado pela coluna sobre o motivo do encontro, o prefeito alegou que a visita foi apenas para discutir o reforço do efetivo e a atuação da Guarda Municipal em uma força-tarefa da PF. Segundo Pazolini, a acusação contra o governo estadual não teria entrado em pauta.
A reportagem de A Gazeta também constatou que na agenda oficial de Eugênio Ricas divulgada no site da PF não constava nenhuma reunião prevista com Pazolini. Quanto a esse ponto, a PF esclareceu que o prefeito não marcou agenda, mas apareceu na sede do órgão na segunda-feira pela manhã e foi recebido pelo superintendente.
O vídeo, que circula em aplicativos de mensagens desde o último sábado (14), mostra Pazolini em evento oficial da prefeitura afirmando que teria recebido proposta para participar de esquema fraudulento em uma licitação do Estado para obra na Capital. O discurso teria ocorrido na inauguração de uma escola em Jardim Camburi, de acordo com pessoas presentes no evento.
A suposta proposta, segundo o prefeito, teria sido feita por uma autoridade em reunião no Palácio Anchieta, em 2021. No vídeo, o prefeito não especifica nenhum nome envolvido nem a data em que o episódio teria ocorrido.
A reportagem procurou novamente a Prefeitura de Vitória para explicar o que teria sido repassado à Polícia Federal, mas não houve retorno.
Diante das acusações, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE-ES) encaminhou representação ao Ministério Público Estadual (MPES) contra Pazolini, no sábado, exigindo a apresentação de provas.
A representação será analisada para futura manifestação, segundo informou o MPES nessa segunda-feira (16). Não foi informado prazo para conclusão, nem o responsável pelas apurações.
Desde o último sábado, A Gazeta tem procurado a Prefeitura de Vitória pedindo esclarecimentos sobre as acusações que Pazolini fez em evento oficial, como chefe do Executivo municipal. Porém, pelo quarto dia consecutivo, não houve resposta às ligações, e-mails e mensagens enviadas à assessoria do prefeito. Foram feitos os seguintes questionamentos:
Um dia depois de ficarem em total silêncio sobre as acusações feitas por Pazolini contra o governo do Estado, os deputados estaduais levaram o assunto ao Plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (17), com ataques da oposição ao governo e defesa por parte de parlamentares governistas.
O primeiro a tratar do tema foi o deputado estadual Carlos Von (DC), de oposição ao governador Renato Casagrande (PSB). Sem acrescentar informações às acusações feitas pelo prefeito de Vitória, ele aproveitou o assunto para tecer críticas ao governo estadual. Para Von, o prefeito sempre teve muito cuidado para fazer denúncias que não tivessem indícios de corrupção. "Ele não citou o nome de quem fez a proposta, mas conhecendo Pazolini tenho certeza que ele vai provar", apostou o deputado.
Sem falar diretamente sobre o assunto, o líder do governo na Ales, deputado Dary Pagung (PSB), foi à tribuna da Casa para defender os projetos e obras entregues pelo governador, falou de recursos investidos e obras realizadas em diversos municípios. Em seguida, fez uma exaltação à vida política de Casagrande.
Outros dois correligionários do governador subiram à tribuna para defender o governo: Freitas e Bruno Lamas. Coube ao deputado estadual com base na Serra as falas mais contundentes para defender o governo. Mesmo sem citar o nome de Pazolini, Lamas aproveitou para alfinetá-lo. Disse que "Vitória teve bons prefeitos", que torce pela gestão atual, mas "ele não pode isolar a cidade".
"É importante lembrar que não se pode acusar sem provas. Não cabe ao homem público assassinar a reputação de lideranças políticas. Não se faz isso. Para acusar tem que ter provas", discursou Lamas.
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