Um inquérito aberto pela Polícia Federal investiga por que o servidor da Receita Federal Odilon Ayub Alves, lotado numa unidade da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, acessou informações pessoais do presidente da República Jair Bolsonaro no sistema do Fisco. Odilon foi levado para a delegacia da Polícia Federal para prestar esclarecimentos, atendendo a inquérito que tramita na Justiça.
Ele prestou depoimento nesta quinta-feira (04) por cerca de uma hora e foi liberado. O teor das declarações não foi divulgado. O caso está na Justiça Federal, pois a conduta pode implicar em vários crimes. Juristas, procuradores e advogados ouvidos pela reportagem afirmam que, independente da motivação, o fato constitui crimes como abuso de autoridade, quebra de sigilo funcional e contra a Segurança Nacional.
Odilon, que é irmão da deputada federal Norma Ayub (DEM-ES), também deve responder Processo Administrativo Disciplinar na Receita Federal. As investigações querem saber por que o servidor usou o acesso que possui ao sistema da Receita Federal para visualizar dados pessoais de Jair Bolsonaro.
"BRINCADEIRA"
O advogado Yamato Ayub, que é irmão de Odilon, disse tudo não passou "de uma brincadeira" e começou quando Odilon estava atendendo um senhor de nome Jair na unidade onde trabalha em Cachoeiro. Segundo ele, o irmão brincou perguntando se o tal Jair tinha sobrenome 'Bolsonaro'.
"Ele acessou o sistema inadvertidamente para ver a data de nascimento do Bolsonaro. Foi curiosidade, infantilidade, ingenuidade. Não houve vazamento de dados. Não houve acesso a patrimônio. Nada, nada, nada, nada. Tudo sem maldade. Vamos aguardar o resultado do inquérito", comentou Yamato.
Yamato contou, ainda, que o irmão acessou o sistema da Receita Federal para ver a data de nascimento de Bolsonaro em outubro do ano passado, quando Bolsonaro era candidato à presidência, e acredita que o fato acendeu um alerta no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, uma vez que Bolsonaro permanece em constante vigilância após o atentado sofrido em 06 de setembro de 2018.
Uma das irmãs do servidor federal Odilon Ayub chegou a comentar o fato numa rede social.
"Menos grave né. Só na cabeça dele (Odilon) usar o computador da Receita para saber dados do Bolsonaro. Graças a Deus que não robo. Sabemos que tem pessoas q torciam q fosse roubo ou até propina pelo fato de ser da Receita" disse Henedina Ayub.
O QUE DIZ A DEPUTADA NORMA AYUB
A deputada federal Norma Ayub se manifestou por meio de nota e disse não ter nenhuma relação com o caso.
"Esclarecemos ainda que o irmão não foi incriminado, apenas foi prestar esclarecimentos em uma investigação. Trata-se de um caso isolado do Odilon, sem nenhuma relação com a atividade parlamentar de Norma Ayub", afirmou a nota.
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