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PF suspeita que empresa foi criada para desviar recursos eleitorais no ES

PF suspeita que empresa foi criada para desviar recursos eleitorais no ES

Serviço de lavagem de dinheiro teria sido acordado entre a ex-deputada proprietária da empresa e o político investigado, segundo Polícia Federal

Publicado em 8 de agosto de 2024 às 18:09

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Polícia Federal
Sede da Polícia Federal em São Torquato, Vila Velha. (Carlos Alberto Silva)
Eduarda Lisboa
Repórter / [email protected]

A operação Freeloader, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal, trouxe à tona suspeitas do envolvimento do vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro, com a empresa LD Consultoria em Gestão para desviar recursos do Fundo Eleitoral. A suspeita das autoridades é que a companhia de marketing político foi criada em 2021 para funcionar como espécie de caixa dois.

O nome da firma consta na decisão judicial que a colunista de A Gazeta Letícia Gonçalves teve acesso. O empreendimento pertence à ex-deputada estadual Lúcia Dornellas, que também é alvo do inquérito que apura as possíveis irregularidades.

Em entrevista coletiva nesta manhã, sem informar o nome da empresa e dos envolvidos, o delegado da Polícia Federal Fernando Amorim explicou que há indícios de que o negócio facilitava a lavagem de dinheiro da campanha de Carreiro nas eleições de 2022, quando concorria para o cargo de deputado federal. As autoridades afirmam que o político investigado e a empresária teriam acordado o serviço de caixa dois.

A decisão na Justiça também revela que as investigações da Polícia Federal concluíram que a LD Consultoria em Gestão teria recebido o valor de R$ 225 mil sem a execução de qualquer serviço. A cifra paga à empresa de marketing político consta também no DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A suspeita de irregularidade começou, segundo a Justiça, porque outra empresa também foi contratada para exercer os mesmos serviços que a LD, porém pelo valor de R$ 216,5 mil. Dias antes do fim do contrato, as partes rescindiram o acordo e combinaram que a última parcela seria quitada ''por fora'', ou seja, sem prestar contas. Entretanto, o político não pagou a empresa, que entrou com processo pela quebra do contrato na Justiça, que logo suspeitou da fraude.

Lúcia Dornellas
Lúcia Dornellas é ex-deputada estadual e dona da LD Consultoria em Gestão . (Reprodução redes sociais)

De acordo com o delegado Fernando Amorim, durante as investigações, ao serem interrogados nenhum dos funcionários da campanha do ex-candidato sabia sobre a contratação da empresa de Dornellas.

"Ele (vice-prefeito) contratou uma empresa, e a própria assessoria de campanha não sabe o que essa empresa fez, ou seja, foi um acerto entre essa empresa e esse candidato. Foi pago um valor altíssimo, R$ 225 mil. Esse dinheiro, provavelmente, voltou para esse candidato ou para outra pessoa. Temos que descobrir quem foi o destinatário final", afirmou o delegado. 

Thiago Carreiro, vice prefeito da Serra na gestão do prefeito Sergio Vidigal, 2021 a 2024, ambos do PDT
Thiago Carreiro é vice-prefeito da Serra. (Fernando Madeira)

A defesa da empresária de marketing se pronunciou afirmando que “Lúcia Dornellas prestou serviço para a referida campanha eleitoral, com emissão de nota fiscal e todas as formalidades necessárias - à luz da Justiça Eleitoral e da Receita Federal”.

Já a defesa do vice-prefeito Thiago Carreiro informou à coluna da Letícia Gonçalves, que estaria sofrendo perseguição política. 

“Sem nenhuma surpresa, recebi hoje uma visita da Polícia Federal para apurar uma denúncia feita durante as eleições de 2022. A perseguição política que venho sofrendo desde quando me posicionei contra projetos pessoais de poder na Serra aumenta em mais um nível e a uma semana das eleições. A velha política está desesperada e a forma deles atacarem e tentarem me calar é essa, mas não vão conseguir. Vou seguir ainda mais motivado a minha jornada, me defender dessa calúnia de frente com o apoio da minha família e com amor a Serra.”

A operação

A Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão para combate a crimes eleitorais e de lavagem de dinheiro. Os mandados foram expedidos pela 26ª Zona Eleitoral da Serra, com alvos na cidade de origem, em Vitória e também em Cariacica. Durante a operação, a PF apreendeu telefones, documentos e R$ 6,7 mil em dinheiro.

Segundo a PF, pelas fraudes identificadas, os envolvidos podem responder pelos seguintes crimes:

  • Caixa dois e falso eleitoral Art. 350: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: Pena: reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa, se o documento é particular;  Art. 353: Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 348 a 352: Pena: a cominada à falsificação ou à alteração.

  • Apropriação de recursos eleitorais Art. 354-A: Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio: Pena: reclusão, de dois a seis anos, e multa;

  • Lavagem de dinheiro Art. 1º: Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal: Pena: reclusão, de três a dez anos, e multa.

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