A Polícia Civil está investigando a suposta participação de três servidores da Prefeitura de Apiacá em uma obra para a construção de uma piscina em um imóvel atribuído ao vice-prefeito da cidade, Cláudio Chierici, o Claudão (PL). O caso é tratado como suspeita de crime contra a administração pública. Paralelamente, a Prefeitura de Apiacá abriu um procedimento interno para apurar se houve irregularidade no uso de servidores municipais no empreendimento.
A denúncia partiu do vereador Diego de Souza (PV), que fez um vídeo, publicado em suas redes sociais, em que mostra o que seriam três servidores da cidade atuando como pedreiros na obra. Segundo a denúncia, dos três servidores, um deles é efetivo, que entrou no serviço público por concurso, e os outros dois foram contratados por Recibo de Pagamento Autômono (RPA). O vídeo foi gravado, de acordo o vereador, na última sexta-feira (14).
Foram anexados à representação feita à Polícia Civil folhas de registro de ponto da Secretaria de Obras da cidade, em que há, no dia do vídeo gravado, a assinatura com o nome de um dos pedreiros que atuavam na casa do vice-prefeito, como se ele estivesse em serviço. O nome de um outro servidor, identificado pelo vereador como um dos pedreiros da obra, também aparece na lista de registro de ponto em dias anteriores. No portal da transparência do município, cuja última atualização é de março de 2021, consta que um outro pedreiro estava de férias naquele mês.
Claudão foi vereador da cidade entre 2013 e 2020, até ser eleito como vice na chapa de Fabrício do Posto. O imóvel onde as obras estavam sendo realizadas, apesar de apontada por Diego de Souza como uma das casas do vice-prefeito, ele não aparece entre os bens declarados por ele à Justiça Eleitoral nas eleições de 2012, 2016 e 2020.
Diego de Souza, autor da denúncia, contou que já há uma movimentação na Câmara para que o caso seja investigado pelo Legislativo. Um ofício assinado pelos nove vereadores da cidade, pedindo a apuração do vídeo, será enviado para o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da promotoria da cidade.
"Eu recebi a denúncia no meu gabinete de que essa obra já está acontecendo há mais de 50 dias. Levei essa denúncia até a Câmara e todos os nove vereadores já assinaram um ofício que será protocolado no Ministério Público. Também estamos coletando assinaturas para a abertura de uma CPI na Câmara. Sei que os vereadores da cidade vão agir", disse Diego, o vereador que gravou o vídeo, supostamente na casa do vice-prefeito.
Para a abertura de uma CPI para investigar o caso, é necessário que três vereadores assinem o pedido para que a Mesa Diretora paute a proposta. Com as assinaturas, o pedido de criação da comissão é levado ao Plenário, que vota a abertura ou não da CPI, de acordo com o regimento interno da Câmara. Além de Diego, a vereadora Ana Beatriz (PDT) também é coautora da proposta, que ainda aguarda mais uma assinatura. A próxima sessão do Legislativo de Apiacá está marcada para o dia 7 de junho, já que os encontros entre os parlamentares são quinzenais na cidade.
O prefeito da cidade, Fabrício Thebaldi, o Fabrício do Posto (PP), afirma que o município já deu início a um processo interno para apuração de supostas irregularidades no trabalho dos servidores da cidade.
"Abrimos um procedimento interno, para ele ter direito de resposta, se é verdade ou não. Nós estamos colhendo informações. Se ficar provado, por exemplo, que eles estavam de férias, não tem problema nenhum", pontuou Fabrício.
A reportagem procurou o vice-prefeito Claudio Chierici, por telefone e por mensagens, para questioná-lo sobre o vídeo gravado. Até a publicação da matéria, ele não havia retornado o contato.
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