O novo diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Alexandre Ramagem, é um homem de total confiança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Amigo dos filhos do presidente, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) possui uma relação bem próxima com a família. A proximidade se iniciou em 2018, quando Ramagem coordenou a equipe de segurança pessoal de Bolsonaro durante as eleições.
Isso, contudo, não preocupa representantes da Polícia Federal no Espírito Santo. Eles veem com tranquilidade a nomeação e acreditam que a independência das investigações será mantida.
Ramagem era o nome mais cotado para o cargo deixado por Maurício Valeixo, cuja exoneração foi acompanhada pela saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro e acusações de que o presidente tenta interferência no trabalho da Polícia Federal.
Há 15 anos na Polícia Federal, o trabalho do delegado é elogiado pelos colegas no Espírito Santo. Ramagem é visto como um homem correto e que deve se manter firme quanto à não interferência política no trabalho da polícia.
A expectativa de autonomia da Polícia Federal é compartilhada pelo Sindicato dos Policiais Federais no Estado. A gente vê com bastante tranquilidade essa nomeação. O Ramagem é bem visto na Polícia Federal, já participou de várias investigações e operações. Acima desta amizade com a família do presidente existe uma consciência do papel dele dentro da PF, destacou o presidente do sindicato, Marcus Firme.
Ele completa dizendo que caso haja perda de autonomia, a categoria vai reagir: O importante é manter a independência da instituição e eu acredito que ela será mantida. Existe uma lei que deixa clara a autonomia da Polícia Federal. Qualquer deslize, estaremos atentos para agir , completa.
Em seu pronunciamento de saída do Ministério da Justiça, Sergio Moro acusou Bolsonaro de tentar ter acesso a dados sobre inquéritos no Supremo Tribunal Federal e relatórios de inteligência. Como Valeixo não cedeu, teria sofrido pressão no cargo. Bolsonaro negou, mas em discurso disse que queria mais interação com a Polícia Federal.
Recebemos com espanto as declarações do presidente durante o pronunciamento. Existe uma grande diferença dos relatórios produzidos pela Inteligência e as investigações da Polícia Federal. A PF investiga fatos, crimes, assassinatos, e não faz o menor sentido o presidente receber informações sobre investigações enquanto elas estão em curso, criticou Esposito.
Em seu pronunciamento na última sexta-feira (24), Bolsonaro afirmou ter mostrado interesse em obter informações sobre investigações a respeito da morte de Marielle Franco, que citava seu filho mais novo 04, e também quanto ao inquérito que dizia respeito à facada da qual ele foi vítima durante campanha eleitoral em 2018, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Neste último, a investigação foi concluída, o suspeito foi preso e atestado com problemas mentais.
Outro caso que é apontado como de interesse do presidente é o em que a Polícia Federal investiga seu filho Carlos Bolsonaro como um dos articuladores de um esquema criminoso para espalhar fake news.
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