Para quem tem mais de 25 anos, o TikTok pode ainda ser uma ferramenta desconhecida. Mas a plataforma, que em 2020 se tornou a quarta maior rede social do mundo, atrai mais de 1 bilhão de usuários ativos por mês, principalmente jovens da geração Z (pessoas que nasceram entre o fim da década de 90 e 2010).
No TikTok, os vídeos podem ter até 60 segundos, mas não tem limite para o bom humor. E apesar de as dancinhas de influencers dominarem a plataforma, o espaço já conta com perfis de políticos.
"É uma rede importante para suavizar a imagem e reduzir a rejeição que o político possa ter, porque ela permite que você crie conteúdos altamente reproduzíveis e virais de forma leve, humorada", pontua a especialista em marketing político Ananda Miranda.
Quem já está há mais tempo na plataforma, como é o caso do senador Randolfe Rodrigues (Rede), coleciona bons números e bastante engajamento. São 70 mil seguidores e vídeos que chegam a quase 600 mil visualizações. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não fica para trás. Com vídeos descontraídos sobre o mandato, ele soma mais de 30 mil seguidores.
No Espírito Santo, um dos pioneiros no TikTok é o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), que ingressou na rede social em 2020. O perfil de Rigoni (@rigonifelipe) mistura vídeos engraçados, mas também políticos. A diferença é que a linguagem não é a mesma que ele usa na Câmara dos Deputados.
"O TikTok força a gente a explicar o nosso trabalho de forma simples. É uma rede super leve, o que é muito importante para a política, para fazer as pessoas entenderem o que a gente faz e se engajarem", afirma. "De vez em quando, eu passo umas vergonhas", brinca o parlamentar, que tem vídeos visualizados por mais de 80 mil pessoas.
Também estão no TikTok o governador Renato Casagrande (PSB) e o senador Fabiano Contarato (PT). Eles são novos na plataforma, mas têm encarado a rede com humor. Casagrande, por exemplo, figurou até mesmo em um clipe da cantora Anitta no Rio Doce. Tudo não passava de uma montagem, é claro.
O governador do Espírito Santo criou o perfil (@casagrande_es) em outubro de 2021 e soma pouco mais de 700 seguidores. Ele publica sobre a rotina, curiosidades da vida pessoal e a agenda do mandato.
Em uma visita à fábrica de ovos da Kerovos, em Santa Maria de Jetibá, Casagrande aproveitou para gravar um vídeo divertido, mas informativo, no meio das galinhas. O conteúdo rendeu a ele mais de 2 mil visualizações.
Já Contarato (@fabianocontarato) entrou na rede social em dezembro e chegou no embalo da música "Cheguei" da funkeira Ludmilla, trilha sonora que ele usou no primeiro vídeo publicado na conta. O parlamentar tem cerca de 3.050 seguidores e conteúdos que já foram visualizados por mais de 70 mil pessoas. E as dancinhas são as que fazem mais sucesso.
"Entendemos que o TikTok é uma rede social que cresceu e tem sido muito usada, principalmente, pelos jovens. Por isso, temos compartilhado conteúdos mais leves, curtos, com uma comunicação direta. É um desafio novo, mas a receptividade dos seguidores tem sido muito bacana", destacou o senador, que afirma participar de toda a produção dos vídeos junto com a equipe de comunicação dele.
Mas Contarato também fala de política e, para isso, criou um mascote: o Contaratinho. A ideia, segundo o senador, é simplificar assuntos que, para a maioria das pessoas, são difíceis de entender.
"O Contaratinho veio para mostrar o meu lado professor. A ideia surgiu para que a gente possa desmistificar o mundo da política, falando sobre diversos assuntos de uma forma mais lúdica, bem didática", explica.
A presença de políticos no TikTok é vista pela consultora política Carla Chiappetta como uma estratégia para se aproximar de jovens eleitores e se fazer conhecido por esse público, que consome informações pelas redes sociais e, em breve, vai dar o primeiro voto.
"O TikTok é uma porta de entrada para o político conseguir chegar nesses jovens, se fazer conhecido, o que é fundamental", destaca, alertando, contudo, que "estar na rede social não garante voto".
Esse contato com os jovens foi o que motivou a presença de alguns políticos na rede, que apesar de ainda não produzirem vídeos específicos para a plataforma, veem nela um espaço para ser explorado.
O deputado estadual Marcelo Santos (Podemos), por exemplo, pensa em expandir a produção de conteúdo a partir deste ano. Ele criou o perfil (@deputadomarcelosantos) em julho como uma extensão do Instagram em que ele publica vídeos, a maioria deles falando sobre ações do mandato.
O ex-prefeito da Serra e pré-candidato ao governo do Espírito Santo Audifax Barcelos (Rede) também já pensa em um conteúdo mais personalizado. Ele usa o TikTok desde outubro (@audifaxbarcelos). É um espaço que ele costuma falar sobre o Estado.
De acordo com a empresa que é responsável pelas redes sociais de Audifax, os vídeos são feitos para serem reproduzidos em multicanais, mas há uma perspectiva de mudança no TikTok em 2022.
"É importante acompanhar essa nova transformação digital, e tentar se envolver cada vez mais com o público jovem", destacou Lucas Bringer, da empresa Makro Inteligência.
A especialista em marketing político Ananda Miranda chama atenção para a linguagem específica que requer o TikTok. De acordo com ela, para ter resultado na plataforma é importante entender que nem todo conteúdo cabe ali, já que não é tudo que pode ser aproveitado na rede.
Assim como nas outras redes sociais, produzir vídeos para o TikTok demanda planejamento e estratégia. E, segundo Carla Chiappetta, nem sempre serve para todo mundo. Um conteúdo que foi feito para ser engraçado pode se tornar algo bizarro e viralizar de uma forma negativa.
"É uma linha muito tênue entre o erro e o acerto. A gente tem que tomar muito cuidado porque o TikTok tem uma linguagem muito específica, é um conteúdo que vai exigir de você estratégia, presença do candidato. E, para alguns candidatos, não dá certo", diz Carla, que vê uma tendência no uso da plataforma ainda maior em 2022, devido às eleições.
"Como a gente está entrando em um ano eleitoral, eu acredito que os políticos vão buscar se inserir nessa rede e usar essa nova linguagem para se comunicar com os jovens. Mas é importante lembrar que não basta comunicar, para atingir esse público é preciso ser assertivo. Só assim, a gente tem bons resultados", finalizou.
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