A disputa partidária e o clima de tensão que envolvem o presidente Jair Bolsonaro e deputados do PSL aumentou de intensidade nesta última semana, especialmente nesta quinta (17) e sexta-feira (18), expondo os integrantes a situações de destituições, troca de farpas, e acusações de traição e ingratidão. No Espírito Santo, os políticos da legenda criticaram o nível de tensionamento ao qual o partido chegou e defendem que, neste conflito entre a ala bolsonarista e a do presidente nacional Luciano Bivar, o grupo de Bolsonaro deve tomar as rédeas da agremiação.
Presidente estadual do PSL e aliado de Bolsonaro desde os tempos da Câmara dos Deputados, o ex-deputado federal Carlos Manato avalia como desnecessária a briga por assinaturas para mudar o líder do PSL na Câmara, derrubando o Delegado Waldir, do grupo de Bivar, e trocando-o por Eduardo Bolsonaro. Ele atribuiu a situação ao fato de muitas pessoas terem sido eleitas pelo PSL sem nenhuma experiência política. Porém defende que é preciso ter alguém da família Bolsonaro na Executiva Nacional.
"A eleição para líder é em dezembro. Para que mudar isso agora, causar instabilidade? Também não temos que colocar lenha na fogueira, dizer que quem não assinou a lista é contra Bolsonaro. Mas eu concordo, sim, que seria adequado ter algum membro da família Bolsonaro na Executiva Nacional. Bolsonaro poderia ter mais influência, mas não de forma a se responsabilizar pelos atos do partido", afirmou.
Na "batalha das listas" da bancada do PSL na Câmara, que tem 53 deputados, a deputada federal Soraya Manato, mulher de Carlos, foi uma das que apoiou Delegado Waldir. Ela diz, no entanto, que mantém apoio incondicional à ala de Bolsonaro. "Acredito que essas disputas internas atrapalham o bom andamento dos trabalhos em prol do Brasil e comprometem o presidente que tem uma missão muito maior. Acredito que não tinha necessidade de o problema chegar onde chegou. Faltou diálogo e compreensão. Neste momento, o Brasil precisa do nosso trabalho e não de picuinhas que não levam a nada", comentou a deputada.
Carlos Manato complementou que espera que esta crise não culmine com a saída de Bolsonaro do partido, como foi especulado nos últimos dias. "Estou torcendo para ele não sair. Mas, se sair, quem ficar vai ter que continuar sendo leal a ele, sendo de direita, apoiando as pautas. Senão, tem que sair. Agora, é preciso pacificar. Tem que sentar, conversar. É como briga de marido e mulher, tem que acabar entre quatro paredes."
Entre os deputados estaduais do PSL também está mantido o apoio ao presidente Bolsonaro, mesmo com o racha. Para Capitão Assumção, é compreensível que a família Bolsonaro queira comandar o partido e trocar líderes no Congresso. "Acredito que cada um dos filhos tem que ter suas posições dentro do partido, são pessoas que detém cargos públicos eletivos. E essa questão da liderança inclui confiança. Quanto ao Delegado Waldir, entendo que ele mesmo deveria pedir para se afastar do cargo, para apaziguar a situação na Câmara. Como o partido era muito pequeno, e de repente se tornou muito grande, vejo que precisa se estruturar melhor, se organizar, para evitar esse tipo de situação", pontua.
O deputado também considerou positivas as iniciativas de Bolsonaro quanto às contas do partido. "O presidente foi eleito no discurso anticorrupção. Se ele pede que o partido passe por auditoria, acho legal, é algo inédito. Para mim, até esta tensão é um ponto positivo, gerou debate. Só não é oportuno que fiquem discutindo 'com o fígado'. Minha atitude é de apoio ao presidente, até mesmo se ele sair do partido", afirmou.
Já o deputado Alexandre Quintino vê a crise com preocupação. "A situação está cada vez mais grave. Se o PSL não resolve essa crise o quanto antes, corre o risco de impactar seu maior objetivo, que é o de se fortalecer pelo país, com as eleições de 2020. Tenho esperança que isso seja um conflito de pensamento, e que termine da melhor forma", disse.
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