O ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro chegou ao Espírito Santo na manhã desta terça-feira para uma agenda com o governador do Estado, Renato Casagrande, e o prefeito de Cariacica, Juninho. Em coletiva no Palácio Anchieta, em Vitória, ele falou sobre o projeto do governo federal "Em Frente Brasil", a atuação da Força Nacional em Cariacica e também elogiou o programa Estado Presente, do governo estadual. Moro se esquivou de assuntos polêmicos envolvendo declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro.
O "Em Frente Brasil", projeto-piloto do governo federal de enfrentamento a criminalidade, tem sido executado em cinco municípios, um em cada uma das regiões do país. Cariacica foi o município escolhido na região sudeste, que desde o fim de agosto têm os índices de violência acompanhados pelo governo.
Durante coletiva, Moro destacou que o foco do projeto é integrar governo federal, estadual e municipal para reduzir índices de violência e prevenir crises na segurança pública.
"Nós não queremos de maneira nenhuma obter o mando da situação local, porque isso não funciona. O que funciona é de fato a integração. Esse programa promove uma parceria com o governo do Estado e o governo de Cariacica, para que tenhamos uma atuação dentro do território do município e possamos promover a integração dos banco de dados, inteligências e operações das forças de segurança federais, com estaduais e com o trabalho do município", declarou.
Como parte da primeira fase do projeto "Em Frente Brasil", cerca de 80 membros da Força Nacional atuam nas ruas Cariacica desde o fim de agosto. A tropa tem sido comandada pela Major Naíma Huk, que disse estar comprometida em extinguir a criminalidade do município. Contrariando porém o que disse a major, Moro afirmou que é impossível eliminar toda a criminalidade, mas que é possível alcançar indicadores melhores no âmbito da segurança pública. Ele ressaltou a importância do trabalho da Força Nacional e disse que tem certeza que os índices de violência serão reduzidos.
Apesar dos números de homicídios terem caído no mês de setembro em Cariacica, em outubro eles cresceram significativamente em relação ao mesmo período no ano passado. Foram 9 assassinatos em 2018 e 15 em 2019. Moro destacou que dois meses não são suficientes para avaliar o trabalho que está sendo realizado e que os resultados virão a longo prazo.
"Não pode avaliar um programa desta espécie em dois meses de duração. Um mês vai ser maior, outro menor, isso acontece. Essa não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona e o que nos importa é ter um resultado consistente e consolidado. O caminho está correto, da integração e da atividade, ainda que nesse percurso possa ter um mês que apresente um aumento", disse.
A atuação da Força Nacional em Cariacica foi vista por Moro, até o momento, como positiva. O ministro da Justiça disse que é preciso analisar as taxas de outros crimes que também contribuem para o aumento da criminalidade.
"Temos que considerar outros indicadores como crimes contra patrimônio, roubo a veículo, que muitas vezes estão ligados à atividade do crime organizado e por sua vez ao crime de homicídio. O que temos visto com base nas ações realizadas é um número significativo de prisões, de apreensões de armas, ações que tem um efeito de reduzir criminalidade no município", esclareceu.
Inicialmente, a previsão era de que o trabalho da Força Nacional fosse realizado durante seis meses, mas o ministro não descartou a prorrogação do tempo de atuação da tropa no Espírito Santo. Moro disse a Força Nacional ficará até quando for necessário para reduzir os índices de criminalidade.
A respeito da polêmica envolvendo a declaração do prefeito Juninho, sobre o uso do Disque-Denúncia para que moradores reportassem abusos por parte da Força Nacional, e consequentemente a ameaça do presidente Jair Bolsonaro de retirar a tropa do município, Moro justificou que tudo não passou de um mal entendido e que já está resolvido. Na visita desta terça-feira (28), ele aprovou o disque-denúncia.
"A primeira vista pareceu que havia um disque-denúncia específico para a Força Nacional, mas foi um mal entendido. Isso foi meses atrás, já está resolvido. É importante estabelecer parceria com os municípios", disse Moro.
Durante entrevista coletiva, Sérgio Moro esquivou-se de outra polêmica criada pelo presidente Jair Bolsonaro ao associar o Supremo Tribunal Federal (STF) a hienas. Questionado sobre a postagem do presidente do Twitter, apagada logo depois de publicada, ele ignorou a pergunta. "As perguntas aqui são direcionadas ao "Em frente Brasil"."
Durante a manhã, o ministro da Justiça participou de uma reunião com o governador Renato Casagrande, quando foi apresentado o programa do governo estadual "Estado Presente". Moro elogiou o trabalho feito pelo governo e disse que é exemplo para muitos outros estados.
"Nós já conhecíamos o programa, é bem conhecido e bem falado no país. Isso mostra que o Estado está empenhado na redução dos números da violência e vem obtendo resultados positivos nos últimos anos."
Sérgio Moro foi recebido no Espírito Santo com gritos de apoio. Muitos capixabas foram até o Palácio Anchieta saudar o ministro da Justiça. Moro disse que a boa recepção manifesta o apoio ao governo em geral. "O carinho da população reflete muito o apreço pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Este tipo de manifestação é um apoio ao governo em geral", afirmou.
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