Ainda não está claro se há lastro nas acusações trocadas entre o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o presidente da Câmara da Serra, Rodrigo Caldeira, do mesmo partido. O que parece é não haver dúvidas de que o caldo só entornou, com a coletiva de imprensa do prefeito, após uma série de acontecimentos de bastidores interligados.
Não há evidências de que o conflito seja influenciado por nenhum tradicional rival de Audifax. Em outras palavras, Sérgio Vidigal (PDT) não aparece no radar dos audifistas como alguém que venha jogando gasolina no fogo. Outros pré-candidatos à prefeitura, como Bruno Lamas (PSB) e Carlos Manato (PSL), também não.
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Entre políticos que conhecem os corredores da Câmara e do Executivo, consultados nesta quarta-feira (3) pela reportagem sob anonimato, há fortes defesas de teorias que explicam o fato de a briga ter sido trazida a esse patamar.
Uma delas seria falha na articulação política de Audifax. Afinal, não é do dia para noite que um grupo consegue juntar 16 dos 23 vereadores para abrir a CPI da Saúde, com potencial para desgastar a administração municipal.
Esse ponto é corroborado por outra tese, a de que, com a crise econômica nacional, o volume de entregas da prefeitura teria sido reduzido e isso estaria minimizando a relevância de vereadores em algumas áreas.
Também teria prejudicado a relação entre prefeito e Câmara a insistência de vereadores ligados a Audifax, e a própria atuação indireta do prefeito, para emplacar Neidia Pimentel (PSD) na presidência da Câmara.
Outra forte teoria complementa as demais, mas com um agravante: a relação do prefeito com a Câmara não é boa, só que não por causa de uma atuação vacilante da prefeitura. Mas por causa de métodos usado por parte da Câmara para oferecer o apoio ao prefeito. A maneira de negociar estaria ultrapassando limites legais, o que não teria deixado o prefeito com outro caminho a não ser o de chamar a atenção de polícias, Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas do Estado. Fala-se até em extorsão.
ECOS DO PASSADO
Na eleição de 2014, parte dos vereadores apoiou a campanha à Assembleia do ex-deputado estadual Marcos Madureira. Ao lado de José Carlos Gratz e Valci Ferreira nos anos 1990, Madureira compôs um grupo que concentrou um enorme poder político no Estado.
Pelas mãos de Gratz, Madureira tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O período em que ele presidiu o órgão foi marcado por denúncias. Agora, voltou à ativa.
Ele foi candidato, teve muitos votos e a chapa dele assustou a classe política da Serra. A eleição de deputado estadual teria sido um ensaio de organização política, comentou uma liderança que observa a crise de perto, mas sem pertencer a nenhum dos dois lados.
Não há evidências de que o grupo de Madureira tenha chances ou interesse em chegar à prefeitura já em 2020, mas há quem defenda que o interesse em tumultuar a gestão tem essa meta como pano de fundo. Além de Madureira, pessoas próximas ao atual presidente da Câmara têm vínculo com Gratz.
Nesta quarta-feira (03), Rodrigo Caldeira foi procurado pela reportagem, mas não atendeu à reportagem. Madureira não foi localizado. Interlocutores dele recomendaram retomar o contato nesta quinta (4).
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