A possibilidade de filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Progressistas (PP) não deve interferir na relação do partido com o governador Renato Casagrande (PSB). De acordo com integrantes do diretório no Espírito Santo, o PP, que integra o governo estadual, vai permanecer na base do socialista e está pronto para apoiar a reeleição de Casagrande, caso ele decida concorrer em 2022.
O acordo, segundo o presidente do partido no Estado, Marcus Vicente, foi firmado com a direção nacional da sigla e está mantido independentemente da relação cada vez mais estreita que a legenda mantém com o atual chefe da República.
Nesta semana, Bolsonaro confirmou a ida do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. O parlamentar preside o diretório nacional do PP e a presença no governo deve facilitar as tratativas para a filiação do presidente.
“Existe um compromisso já firmado com Ciro Nogueira que, se o Renato for candidato, o PP vai estar junto com ele. Não tenho nenhum receio que a situação mude. Nosso compromisso continua, com ou sem a filiação do presidente Jair Bolsonaro”, destacou Marcus Vicente.
Bolsonaro já foi filiado ao PP, mas deixou a legenda em 2015 por não ver espaço para uma candidatura presidencial. A reaproximação com o partido vem desde o ano passado, com apoio explícito à candidatura de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados.
No Congresso, o PP faz parte do Centrão, que apoiou os ex-presidentes Lula (PT), Dilma (PT) e Temer (MDB), e agora apoia Bolsonaro. Contudo, em alguns Estados, como é o caso do Espírito Santo, a situação é bem diferente.
O partido é aliado de primeira hora do governador Renato Casagrande, com cargos no governo, como o de secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, ocupado por Marcus Vicente. Casagrande é um dos críticos à gestão de Jair Bolsonaro e tem adotado posturas divergentes na condução da pandemia de Covid-19.
Esse caminho antagônico que o partido segue em alguns Estados foi pontuado por um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota), ao falar sobre a escolha de uma legenda pelo presidente. De acordo com o senador, assuntos regionais vão ter que ser discutidos caso as conversas com o PP se aprofundem.
No Espírito Santo, no entanto, a situação é vista com naturalidade por integrantes do diretório estadual, que afirmam ter autonomia e respaldo da direção nacional para conduzir alianças.
“É de praxe do PP, desde 2010, respeitar as alianças regionais. Sempre foi assim e assim será em 2022”, afirma Marcus Vicente, reforçado por Marcos Delmaestro, vice-presidente estadual.
“O partido tem autonomia, é um partido pragmático que vive de resultados. Na Bahia, por exemplo, o PP está junto com o PT. O partido é maior do que uma pessoa”, pontua.
Apesar do apoio já declarado do diretório estadual ao atual governador, a aliança não é unânime entre os filiados. O deputado federal Evair de Melo (PP), que já até fez parte do governo de Casagrande, hoje faz críticas ao socialista.
O parlamentar é um dos vice-líderes de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e, logo, um dos maiores entusiastas do possível retorno do presidente ao PP.
"Defendo e trabalho para o presidente vir para o Progressistas desde antes das eleições. Sempre será bem-vindo de onde nunca deveria ter saído. O Progressistas dará ao presidente toda a estrutura que precisa para continuar as reformas do Brasil", destacou.
Questionado se isso traria algum problema para o partido no Espírito Santo, devido à aliança com Casagrande, Evair disse que "tudo já estava alinhado" com Marcus Vicente, presidente estadual do PP. "Agora é esperar", destacou.
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